segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Escambo nos jornais

Completando meu raciocínio sobre a ética jornalística, neste post termino o tema abordado em meu TCC de  Jornalismo Político.

Para concluir a ideia, escrevi sobre a veiculação de matérias em troca de 'presentes'. Na cidade de Guarujá, onde atuei por três anos, a troca de presentes se resume em veiculação de anúncios publicitários. Se você agrada este ou aquele político, o camarada lhe consegue alguns patrocinadores para o jornal. Se for de situação, o mais almejado é o anúncio da Prefeitura.


Receber pequenos presentes como agendas, livros ou outros sem grande valor de fontes ou políticos é até aceitável, como escreve Franklin Martins (2011, p. 39). Mas o jornalista deve desconfiar quando passa a receber presentes mais caros, ou favorecimentos que outros colegas de trabalho não tenham.

Heródoto e Paulo Rodholfo criticam severamente profissionais que agem por favor financeiro (2003, -.21). “Negue tratamento favorável a anunciantes publicitários e aos chamados interesses pessoais”. Nem mesmo se publica matéria em troca de publicidade.

Os autores são claros aos declarar que (2003, p. 25) “fere a ética o jornalista que deixa o patrocínio afetar o conteúdo e a apresentação da notícia”. Essa relação de trocas de favores, além de comprometer a credibilidade do veículo, faz com que o jornal passe a ideia de que o editorial está à venda.

Outro ponto abordado no meu trabalho é que o jornalista não deve ceder à tentação de veicular matérias em troca de poder. Ele tem o dever de zelar pela sua independência e atitude crítica, resistindo às pressões a publicar, ou deixar de publicar, matérias por oferta de dinheiro, emprego ou outras vantagens.

No texto de Gerson Luiz Martins , publicado no site Observatório da imprensa, o autor denomina de pseudojornalismo essa prática de “extorsão econômica” nas relações entre imprensa e políticos. E é categórico ao declarar que estes “panfletos” não têm qualquer credibilidade entre a população. Para o autor, esses veículos não devem servir de referência para o jornalismo.

A relação estreita entre jornal e político se torna um fenômeno que Gerson Luiz Martins denomina de cúmplice e refém. Os políticos são cúmplices dessas publicações porque as financiam. Por outro lado são reféns, pois estão sempre sujeitos a extorsões. Enquanto houver políticos dispostos a financiar esta práticas, elas tendem a aumentar.

Voltando a falar de  Franklin Martins, o autor comenta que os manuais dos grandes jornais oferecem uma boa norma de conduta ética (2011, p.32) .

Primeiro, porque resumem boa parte da experiência dos jornalistas diante das tentativas de sedução e cooptação, descendo a casos concretos e dúvidas específicas. Assim, fornecem um bom ponto de partida para agir em várias situações nebulosas. Segundo, os manuais de conduta servem como ótima desculpa para recusar propostas ou convites ambíguos sem parecer indelicado.

O autor também comenta que a prática de o jornal veicular informações em trocas financeiras, traz prejuízos à imagem do veículo, ainda que não imediatamente. “Se a empresa jornalística, por interesses econômicos ou políticos, decidir segurar uma notícia em determinado momento, pior para ela: a médio prazo, estará trombando também com o público”, Franklin Martins (2011, p.34).

Uma alternativa para o fim desta relação seria o surgimento, ou crescimento, de escolas de jornalismo na região.

O assunto ética é, praticamente, inesgotável, mas levando em consideração o meu trabalho de conclusão de curso, já escrevi tudo o que poderia escrever. Em algum momento futuro volto a abordar o tema. Agora vou procurar outros assuntos para abastecer o blog.

Espero que eu possa ter dado uma boa prévia sobre a ética no jornalismo.

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