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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Conceitos básicos para quem deseja ser jornalista

Ao iniciar uma faculdade (curso, em Portugal) de jornalismo muitos estudantes não tê
m a visão exata do real papel do jornal e dos profissionais que o constrói. Hoje, a maioria que procura esta faculdade é formada por moças que querem ser repórter de tv. Uma outra parte, de meninos que querem ser jornalista esportivo.

Isso mostra, na minha opinião, como os jovens não são bem informados sobre as possibilidades e responsabilidades desta profissão. Na verdade, muitos iniciam a faculdade justamente caminhando contra a ética da profissão. Buscam fama e reconhecimento ao invés de informar e realizar seu papel social.

Lembro-me que ao cursar a faculdade de jornalismo, minha 'ficha só caiu' no último ano.  Seria como o 'médico filho de médico que faz medicina' porque sabe que não lhe faltará emprego e ainda ganhará um bom salário (sei que no setor público o salário do médico é 'vergonhoso', mas ainda assim é acima da média das demais profissões). Seria confortável cursar medicina para ter estabilidade financeira e não se importar com o real sentido da profissão.

Já fiz um texto falando superficialmente do papel social do jornal e do jornalista, hoje quero escrever um texto mais voltado aos que estão iniciando o curso, ou pretendem cursá-lo.

Noções Básicas
Imagine-se (se você ou pretende ser jornalista) como um defensor dos direitos humanos. É seu dever dar voz aos que não a têm. Defender a universalidade dos direitos humanos. Entrar na profissão para se tornar mais um 'rostinho bonito na tv' ou pra ficar analisando e falando do Neymar, Barcelona ou Brasileirão é uma afronta à própria profissão. A democracia deve ser buscada por prioridade.

'Puxa, então você acha que os jornalistas esportivos são inúteis, e o jornalismo de moda, ou entretenimento são puro lixo?'. Claro que não. Mas os conceitos básicos da profissão são os mesmos. É preciso denunciar os absurdos em favor da Copa e Olimpíadas no Brasil, ou em épocas de ditadura, por exemplo. É mais importante denunciar as famílias 'arrancadas' de suas moradias que se empolgar com a conquista da Copa das Confederações.

Não acredito que nasçam bons jornalistas sem 'pisar na lama'. É preciso entrar nas favelas, entrevistar pessoas 'socialmente excluídas'. Desde a faculdade o gosto pela busca da real democracia deve ser exercitada.

Infelizmente, no exercício da profissão dificilmente teremos a oportunidade de manter 'essa pegada', mas é preciso desenvolvê-la para não nos tornarmos simples conformados. 'O jornal onde trabalho tem anúncio da prefeitura', 'não tenho autonomia para pautar matérias', 'trabalho no Diário Oficial, como vou dar voz aos injustiçados?'. 'Sou apenas um assessor'. Se você se conformar com suas delimitações, seria melhor que não exercesse a profissão.

Desde o início, seja qual for a posição editorial (política) do veículo que trabalha, ou editoria, sempre imagine como deixar seu material mais democrático.

Falar de ética seria muito amplo. Uma boa leitura sobre o assunto seria o livro 'Jornalismo Público', de Danilo Ruthberg. Eu tenho este livro e recomendo. Quero escrever um pouco sobre noções básicas para exercer a função jornalística.

Duro ou mole?
No último post falei sobre algumas pistas que você pode ter para saber se realmente esta é a profissão para você. Agora, imagino uma situação na qual você possa aprofundar um pouco os conhecimentos sobre o texto jornalístico.

Há muita coisa para aprender. Vou começar com o informação 'dura ou mole'. Um dos conceitos básicos do jornalismo. É realmente fácil de entender.

Quanto mais próximo de um boato, mas 'mole' é a informação. Por outro lado, quanto mais concreta e embasada uma informação,  mais 'dura'. Por isso, evite dados, informações e números que você não consegue identificar a origem (fonte).

Dizer que 'a população aprovou a reforma' é totalmente mole se você não tiver a declaração de um, dois, ou até mais, morador confirmando isso. Escrever que os políticos estão em descrédito é inviável se não houver uma pesquisa com um número de entrevistados considerável.

Uma boa forma de aprender essa diferença de 'duro e mole' é a seguinte: imagine que você pode ser processado por cada informação incorreta. Com certeza você vai pensar 234 mil vezes antes de escrever que 'o juíz Fulano de Tal é homossexual'. Mesmo com dados menos comprometedores, como 'azul é a cor preferida dos meninos', imagine que se você não tiver um respaldo, vai ganhar um 'belo' processo.

Assim, toda vez que você apresentar uma informação, vai buscar a origem dela. Por isso, quando há pesquisas, por exemplo, se divulga 'Fonte: Ibge', ou escrevemos 'segundo Fulano de Tal', 'Cicrano acha que a presidente errou ao tomar tal decisão'.

Notícias, excluindo pequenas notas, são sempre baseadas em estatísticas e entrevistas. Escrever que fulano está triste ou alegre sem que ela diga, por exemplo, deve ser evitado. Por isso, ouvimos e lemos muito a expressão 'visivelmente abalada', ou transtornado, ou 'mostrou irritação'.

Com a prática o conceito de 'duro e mole' é melhor assimilado, mas acho que deu para entender o que significa.

Se você já foi dar depoimento na delegacia como testemunha, sabe que se você falar 'eu acho que motoqueiro estava errado', vai tomar 'um fora' do delegado. Ele provavelmente dirá 'não quero saber o que você acha, quero saber o que você viu'. É mais ou menos isso que o jornalista faz. Não interessa o que você acha, e sim o que é concreto, real.

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