Quem não conhece o jornalismo no dia-a-dia pode acreditar que é o jornalista, repórter, que define sua matéria, sobre o que vai escrever, o que vai cobrir, ou o que será focado, mas não é bem assim. O jornalista trabalha em função das pautas, pelo menos nos veículos minimamente organizados. Um dos conceitos básicos em jornalismo é a pauta. De uma maneira simples, podemos dizer que a pauta é o que dá direção a uma matéria, a pauta serve para orientar o jornalista. Basicamente, é através das informações contidas na pauta que o jornalista vai desenvolver sua matéria.
Pauteiro
Como você já deve imaginar, o pauteiro é quem define a pauta. Normalmente esta decisão não é tomada por apenas uma pessoa. O pauteiro, podemos assim dizer, é o pensador, aquele que vai selecionar quais as matérias que serão veiculadas e quais devem ser descartadas, ou produzidas para serem engavetadas (para
serem utilizadas em dias que não tiverem grande volume de matérias).
Parece simples, mas, acreditem, não é. O pauteiro devem, além de definir as matérias,selecionar o enfoque a ser dado, ir trás dos contatos, obter as informações prévias, endereços e informações de base. Além disso, cabe ao pauteiro pensar em diferentes abordagens, sair da rotina, pensar em material exclusivo.
O pauteiro pensa na matéria como um todo e deve apoiar o(s) repórter(es) na produção da matéria. Se uma informação "cair", ele deve decidir pelo prosseguimento ou não na produção da reportagem. Pode mudar a pauta no meio do caminho, derrubá-la ou até mesmo ajudar a complementá-la. O pauteiro deve conhecer bem seu público-alvo para estabelecer um caminho a seguir.
Como surgem as pautas
Já se foi o tempo em que os jornais corriam atrás das matérias. Hoje em dia, a redação é um grande centro de informações. Mesmo pequenos jornais locais recebem um bom número de e-mails, releases, telefonemas e até, acreditem, cartas; de pessoas, instituições, organizações, etc, que têm interesse em que o jornal publique algum tipo de matéria.
Já trabalhei em um pequeno jornal local de esportes e mesmo na primeira edição, quando poucos conheciam sua existência, já haviam matérias suficientes para um jornal inteiro e ainda sobraram algumas par a segunda edição. Agora imaginem a quantidade de informações que recebem as redações de grandes jornais, rádio e canais de televisão. Todo mundo quer seus minutinhos de fama.
Cabe aos pauteiros selecionarem quais dessas informações têm real potencial para se transformar em matéria de interesse público. Nenhum veículo, nem mesmo site ou portais, podem publicar tanta informação.
Além dessas fontes de informações, o pauteiro também pode, e deve, sugerir pautas originais, a partir da observação do noticiário diário, da sociedade ou da rotina diária. O diálogo com os jornalistas também é vital para a criação de pautas.
Ao menos uma vez por dia, é feita a reunião de pauta. Quando os pauteiros se reúnem para o planejamento das matérias a serem produzidas. Essas reuniões podem incluir os jornalistas, editores e chefias de reportagem. Todos se comunicam para definir um caminho.
Como deve ser uma boa pauta
A pauta em si, a prévia da matéria, deve ser curto e informativo. Algumas vezes pode até incluir o lead e sublead da matéria. A pauta deve ter o nome e telefone de contato das fontes, bem como endereço de possíveis campos de trabalho. Tudo para que o jornalista possa realizar uma matéria bem estruturada.
A pauta jornalística deve ser clara. O repórter deve ter claro qual o enfoque será dado e qual o caminho a seguir. Já peguei pautas nas quais esta definição não estava clara e tive que reescrever a matéria. Uma falha de comunicação que rouba o precioso tempo do jornalismo.
A linguagem da pauta pode ser coloquial, pois é apenas uma diretriz para o jornalista, que não tem qualquer caráter formal. Deve conter as informações básicas para o desenvolvimento da matéria, com possíveis perguntas e que tipo de informação deverá ser coletada.
Normalmente, nas matérias de rua, a pauta informa o horário do evento ou entrevista.
Em casos de locais, ou eventos, que se exigem credenciais, o pauteiro é quem deve correr atrás das credenciais necessárias, ou pelo menos, deixar o caminho bem claro para que o jornalista a consiga, pois algumas vezes as credenciais são obtidas na hora do evento.
O entrevistado deve sempre ser informado sobre possíveis alterações de horário e até mesmo queda de pauta jornalística.
A pauta não deve - nunca - reproduzir na íntegra um release. Apesar de serem importantes fontes de informações, defendem interesses de alguém (pessoa, empresa, grupo social, etc.), por isso, devem ser consideradas como fontes iniciais, mas não únicas de informação. Em último caso, o pauteiro deve se basear no release para sugerir a complementação da matéria com uma entrevista a mais ou pedir para o jornalista 'cozinhar' o texto.
A melhor pauta é a que tem a participação de várias pessoas. Uma pessoa apenas definir a pauta pode render erros ou uma matéria pobre. O ideal é que o jornalista mantenha contato com o pauteiro constantemente para que o texto seja desenvolvido de acordo com o planejado.
Tenho um documento no Scribd com exemplos de pautas fictícias. Você pode visualizar no site ou baixar. É um documento do Word Office 2007.