Entende-se por jornalismo declaratório, a produção de uma matéria baseada em declarações. Entrevista com as partes envolvidas. Para um leigo, ouvir os dois (ou mais, se houver) lados basta para se fazer jornalismo.
Se você é estudante ou está nos primeiros passos da profissão de jornalismo, tente fugir deste pseudojornalismo.
Um trabalho que se resume em divulgar as partes envolvidas e suas declarações e posições não pode, e não deve, ser dito como um trabalho profissional.
Este trabalho surge, basicamente por causa de dois elementos fundamentais que não são conciliados no jornalismo moderno.
1. Necessidade de se cumprir uma função social e de retratar uma realidade.
2. Limites das redações e veículos na produção e investigação de notícias. Basicamente, falta de tempo para melhor apuração e pressa em publicar algo novo.
No fim das contas o jornalismo atual, devido à pressão por novas matérias a cada instante e equipes relativamente pequenas, não consegue cumprir o papel social de investigar a fundo suas matérias, mas precisa divulgar alguma coisa para mostrar "trabalho".
Por fim, para desencargo de consciência, ouve-se dois ou três personagens e se publica algo. Muitas vezes, sem, se quer, checar a veracidade dos fatos.
Para @Orlando Tambosi, jornalista catarinense, "Por um lado, quanto mais declaratório for o jornalismo, quanto mais depender exclusivamente de fontes, mais difícil será sustentar que seja uma forma de conhecimento autônoma. [...] Em resumo, o jornalismo declaratório produz informações, mas é difícil saber se são verdadeiras, por mais ‘checadas’ que sejam e por mais críveis e honestas que sejam as fontes. Pode por isso induzir a crenças falsas. Nesse sentido, não produz conhecimento".
Jornalismo declaratório e dossiês
Trata-se de um trabalho forjado para fingir imparcialidade. Ao invés de se produzir um material de investigação, baseado em fatos, descobertas e documentações legítimas, produz-se dossiês.
O problemas é que estes dossiês são produzidos por pessoas ou grupos de pessoas com um interesse em comum. Este a tendência deliberada de atingir alguém, ou alguma instituição.
Vale ressaltar que receber o material, os dossiês, não é errado, mas publicá-lo como se fosse o produto de uma investigação jornalística é totalmente fora de ética.
O trabalho do jornalista é coletar dados e entrevistas, deixando bem claro os contextos nos quais foram colhidos sem deixar a impressão que um material colhido de uma fonte tenha sido fruto de investigação do próprio jornalista, ou veículo.
Portanto, tomemos cuidado para não nos acomodarmos e usarmos como desculpa a pressa ou falta de tempo para publicarmos declarações como fruto de matéria de investigação e apuração.