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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Perfis do jornalista cidadão

Também chamado de jornalismo colaborativo, democrático e até, de rua. O jornalismo cidadão tem como conceito a participação de cidadãos comuns, sem formação em jornalismo, na coleta e divulgação de informações, notícias. É uma ideia que ainda gera debates e polêmicas, pois a partir do momento que todos podem divulgar informações de forma abrangente, a possibilidade de disseminação de falsa notícia cresce. O objetivo deste texto não é debater os pontos negativos e positivos do jornalismo cidadão, mas traçar um perfil básico das pessoas que participam deste processo, o qual, possivelmente, você está inserido, mesmo sem saber.

É comum, por exemplo, matérias em televisão que reproduzem vídeos e fotos feitos por amadores que estavam no local do acontecimento. Flagrantes são possíveis porque hoje em dia todos possuem celulares com câmeras. Tudo pode virar notícia.

Os grandes veículos de comunicação modernos utilizam a participação popular de uma forma mais contundente e direta que há alguns anos. O jornalismo cidadão não se resume a comentários ou sugestão de pauta, pessoas enviando reclamações às redações ou sugerindo matérias a serem publicadas. Blogs, vlogs, redes sociais, fóruns e podcasts são algumas das ferramentas utilizadas na produção do jornalismo cidadão.

Muitas pessoas podem não saber, mas fazem parte desta atmosfera, participando de diversas formas e em diferentes intensidades. Neste post vamos abordar os perfis mais comuns de 'jornalistas cidadãos'. Você vai perceber que muitos de nossos amigos se encaixam nestes perfis e poderiam atuar de forma mais eficaz na sociedade, se conhecessem a possibilidade de se tornarem um jornalista cidadão.

Publicador
O jornalista cidadão publicador é o que possui suas próprias ferramentas para reproduzir o seu material. O blog é a ferramenta mais usual deste tipo de pessoa. Através de seu blog pessoal, é possível reproduzir informações, divulgar opiniões, vídeos, realizar pesquisas ou debater assuntos específicos.

Militante
Como o próprio nome diz, o militante é aquele que participar em prol de uma ideia específica, pode ser por um direito, pela preferência de um time de futebol, partido político, melhorias na educação. Enfim, dedica-se a defender uma causa, um assunto, de forma 'apaixonada'.

O militante pode lutar por causas grandiosas, como meio-ambiente e política, ou até assuntos mais específicos, referentes à sua comunidade ou ciclo de amigos.

Este perfil usa, mais comumente, as redes sociais para divulgar suas ideias com mais abrangência. Facebook e Twitter são as ferramentas mais aconselhadas para quem deseja realizar este tipo de jornalismo cidadão.

Observador
Este termo não se refere ao fato de observar a rede passivamente, mas sim de observar o que acontece ao seu redor. O cidadão jornalista observador está sempre com uma câmera, ou celular com este acessório, em mãos, pronto para registrar um fato.

Também participa mais comumente das redes sociais, mas também mantém certo contato com alguns veículos de comunicação, pois acredita que suas imagens e vídeos podem render matérias importantes.

Comentarista
Este tipo de cidadão jornalista gosta de participar de debates e dar sua opinião em blogs, redes sociais, sites e fóruns. O comentarista pode passar informações sobre o tema abordado e dados que possam enriquecer o debate. Diferente da pessoa que comenta com interesse de puramente dar sua opinião, neste caso, o cidadão jornalista comentarista se preocupa mais em passar dados precisos e confiáveis.

Editor
Neste perfil enquadra-se a pessoa que participa de sites colaborativos e que gosta de divulgar links e informações a partir de grandes portais, sites de jornalismo ou páginas pessoais. O editor, quase sempre, possui um blog ou um site, e serve de inspiração para outros internautas, que o seguem.

Seja qual for o seu perfil, o importante é não fugir da realidade. Antes de divulgar qualquer material, pergunte-se a quem pode interessar, a informação é educativa, serve de orientação, serve de entretenimento? Pense como o leitor. Dizer algo por dizer não vai lhe render respeito. Argumentar e estar disposto a receber críticas é essencial para quem deseja participar deste universo do jornalismo cidadão.

Pense como alguém que 

terça-feira, 22 de julho de 2014

O que é pauta em jornalismo

Quem não conhece o jornalismo no dia-a-dia pode acreditar que é o jornalista, repórter, que define sua matéria, sobre o que vai escrever, o que vai cobrir, ou o que será focado, mas não é bem assim. O jornalista trabalha em função das pautas, pelo menos nos veículos minimamente organizados. Um dos conceitos básicos em jornalismo é a pauta. De uma maneira simples, podemos dizer que a pauta é o que dá direção a uma matéria, a pauta serve para orientar o jornalista. Basicamente, é através das informações contidas na pauta que o jornalista vai desenvolver sua matéria.

Pauteiro
Como você já deve imaginar, o pauteiro é quem define a pauta. Normalmente esta decisão não é tomada por apenas uma pessoa. O pauteiro, podemos assim dizer, é o pensador, aquele que vai selecionar quais as matérias que serão veiculadas e quais devem ser descartadas, ou produzidas para serem engavetadas (para
serem utilizadas em dias que não tiverem grande volume de matérias).

Parece simples, mas, acreditem, não é. O pauteiro devem, além de definir as matérias,selecionar o enfoque a ser dado, ir trás dos contatos, obter as informações prévias, endereços e informações de base. Além disso, cabe ao pauteiro pensar em diferentes abordagens, sair da rotina, pensar em material exclusivo.

O pauteiro pensa na matéria como um todo e deve apoiar o(s) repórter(es) na produção da matéria. Se uma informação "cair", ele deve decidir pelo prosseguimento ou não na produção da reportagem. Pode mudar a pauta no meio do caminho, derrubá-la ou até mesmo ajudar a complementá-la. O pauteiro deve conhecer bem seu público-alvo para estabelecer um caminho a seguir.

Como surgem as pautas
Já se foi o tempo em que os jornais corriam atrás das matérias. Hoje em dia, a redação é um grande centro de informações. Mesmo pequenos jornais locais recebem um bom número de e-mails, releases, telefonemas e até, acreditem, cartas; de pessoas, instituições, organizações, etc, que têm interesse em que o jornal publique algum tipo de matéria.

Já trabalhei em um pequeno jornal local de esportes e mesmo na primeira edição, quando poucos conheciam sua existência, já haviam matérias suficientes para um jornal inteiro e ainda sobraram algumas par a segunda edição. Agora imaginem a quantidade de informações que recebem as redações de grandes jornais, rádio e canais de televisão. Todo mundo quer seus minutinhos de fama.

Cabe aos pauteiros selecionarem quais dessas informações têm real potencial para se transformar em matéria de interesse público. Nenhum veículo, nem mesmo site ou portais, podem publicar tanta informação.

Além dessas fontes de informações, o pauteiro também pode, e deve, sugerir pautas originais, a partir da observação do noticiário diário, da sociedade ou da rotina diária. O diálogo com os jornalistas também é vital para a criação de pautas.

Ao menos uma vez por dia, é feita a reunião de pauta. Quando os pauteiros se reúnem para o planejamento das matérias a serem produzidas. Essas reuniões podem incluir os jornalistas, editores e chefias de reportagem. Todos se comunicam para definir um caminho.

Como deve ser uma boa pauta
A pauta em si, a prévia da matéria, deve ser curto e informativo. Algumas vezes pode até incluir o lead e sublead da matéria. A pauta deve ter o nome e telefone de contato das fontes, bem como endereço de possíveis campos de trabalho. Tudo para que o jornalista possa realizar uma matéria bem estruturada.

A pauta jornalística deve ser clara. O repórter deve ter claro qual o enfoque será dado e qual o caminho a seguir. Já peguei pautas nas quais esta definição não estava clara e tive que reescrever a matéria. Uma falha de comunicação que rouba o precioso tempo do jornalismo.

A linguagem da pauta pode ser coloquial, pois é apenas uma diretriz para o jornalista, que não tem qualquer caráter formal. Deve conter as informações básicas para o desenvolvimento da matéria, com possíveis perguntas e que tipo de informação deverá ser coletada.

Normalmente, nas matérias de rua, a pauta informa o horário do evento ou entrevista.

Em casos de locais, ou eventos, que se exigem credenciais, o pauteiro é quem deve correr atrás das credenciais necessárias, ou pelo menos, deixar o caminho bem claro para que o jornalista a consiga, pois algumas vezes as credenciais são obtidas na hora do evento.

O entrevistado deve sempre ser informado sobre possíveis alterações de horário e até mesmo queda de pauta jornalística.

A pauta não deve - nunca - reproduzir na íntegra um release. Apesar de serem importantes fontes de informações, defendem interesses de alguém (pessoa, empresa, grupo social, etc.), por isso, devem ser consideradas como fontes iniciais, mas não únicas de informação. Em último caso, o pauteiro deve se basear no release para sugerir a complementação da matéria com uma entrevista a mais ou pedir para o jornalista 'cozinhar' o texto.

A melhor pauta é a que tem a participação de várias pessoas. Uma pessoa apenas definir a pauta pode render erros ou uma matéria pobre. O ideal é que o jornalista mantenha contato com o pauteiro constantemente para que o texto seja desenvolvido de acordo com o planejado.

Tenho um documento no Scribd com exemplos de pautas fictícias. Você pode visualizar no site ou baixar. É um documento do Word Office 2007.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Gêneros jornalísticos

Ao contrário do que muito leigo pensa não existe apenas um tipo de texto jornalístico: "a matéria". O texto jornalístico pode ser classificado de várias formas. Existem, inclusive, diversas formas de classificação. As mais conhecidas são a francesa e a alemã. No Brasil, a maioria dos estudiosos em comunicação seguem  a classificação de textos jornalísticos criada por Luiz Beltrão e José Marques de Melo.

De acordo com estes estudiosos, o texto jornalístico pode ser classificado em dois gêneros principais: informativo e opinativo. Há quem defenda a inclusão do texto interpretativo também, embora esta classificação não tenha sido incluída nos estudos de José Marques de Melo.

Informativos
Como o próprio nome indica, os textos informativos são aqueles que primam pela objetividade e imparcialidade.

As mais comuns são as notícias. São as matérias escritas baseadas em informações, falas e documentos. O jornalista, ou o  veículo, não imprime sua opinião ou interpretação no texto. Veja exemplo de notícia do site A Folha.

Outro tipo de texto informativo são as notas. Basicamente textos curtos e informativos. Por exemplo: "A unidade básica de Saúde do Centro não abre nesta sexta-feira (18) porque passará por uma dedetização. A unidade volta a funcionar normalmente na segunda-feira". São textos de um ou dois parágrafos, em geral.

A reportagem também se encaixa no gênero informativo. Neste tipo de texto jornalístico as matérias são mais aprofundadas e seguem com várias entrevistas. Não são factuais, focando um acontecimento, mas tendem a expressão um quadro mais amplo de um determinado assunto. Podemos citar como exemplos de reportagens: o que mudou na vida de quem mora na caatinga nordestina nos últimos dez anos. Como o material esportivo evoluiu através das Copas do Mundo, etc.

As informações são dadas de uma forma mais abrangente. As reportagens são mais comuns em revistas escritas e televisionadas. A maneira mais fácil de lembrar de uma reportagem é lembrar do 'Globo Repórter", que sempre aborda um determinado assunto e realiza diversas entrevistas para entregar um material rico em pontos de vistas e opiniões.

Outro tipo de texto jornalístico que cabe aqui é a entrevista. Provavelmente, o mais fácil de reconhecer. É o texto baseado em perguntas e respostas a um determinado personagem. No rádio e na tv a entrevista é realizada ao estilo'ping-pong', perguntas e respostas. Um estilo simples e direto de fazer jornalismo.

Opinativos
Ao contrário do texto informativo, o texto opinativo é baseado no ponto de vista de alguém: do jornalista ou do veículo. São textos que colocam a posição pessoal de quem escreve.

As colunas assinadas são o tipo mais comum de texto opinativo. Este gênero jornalístico é fácil de identificar porque, normalmente, deixam bem claro quem assina o texto. Os colunistas escrevem com certa periodicidade, que costuma ser uma vez por semana.

Assim como as colunas, as crônicas também são textos jornalísticos que se definem como interpretativos. São inspiradas em assuntos do cotidiano escritos, preferencialmente, com uma linguagem literária.

Outro exemplo de texto opinativo é o artigo. O que difere o artigo da coluna é que quem escreve o artigo não tem um periodicidade em suas publicações, e o texto é feito quase como um estudo, com argumentações e tese. É escrito de forma dissertativa.

O editoral é o texto opinativo que coloca a posição do veículo que publica, por isso, são textos escritos com muita responsabilidade. Nos jornais os editoriais não são assinados. Já em alguns veículos vinculados a empresas, o escritor assina o texto.

As charges e caricaturas também são classificadas como interpretativos porque trazem uma leitura dos acontecimentos atuais. São desenhos que trazem com humor uma interpretação sobre determinado assunto.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Estrutura de uma notícia

Já escrevi um post sobre o que é notícia, neste texto vamos identificar os elementos que compõem uma notícia. Poderíamos resumir uma notícia em duas partes principais, o lide (lead) e o corpo. Além destes elementos, o título é uma parte essencial da notícia. Podemos acrescentar, ainda, elementos como fotografia, gráfico, linha, olho e outros recursos que podem ser adicionados ou não. A fórmula “título + lide + corpo” é a básica, mas sempre que possível, cabe ao jornalista e editor complementarem a informação com outros recursos. Afinal, nem sempre uma notícia pode ser bem compreendida apenas com textos, além disso, os recursos adicionais chamam a atenção do leitor e facilitam a leitura da informação.

Lide (lead)
O lide tem a função primordial de captar a atenção do leitor. É a chance que o jornalista tem de mostrar ao leitor que aquela notícia é importante. O lead é o primeiro parágrafo do texto, que deve responder às questões básicas para deixar o leitor bem informado, mesmo se optar por não ler o resto do texto.

Basicamente, o lide deve responder às seis questões básicas: o que, quem, onde, como, por que, quando. No entanto, o jornalismo moderno não se prende a estas questões. Nem sempre todas elas são respondidas no primeiro parágrafo. Dependendo da ocasião, responde-se às mais importantes antes, e as informações secundárias podem ser respondidas no parágrafo seguinte, que pode ser um sublead. 

Além disso, dependendo das informações contidas no título, linha fina ou chapéu, o lide pode dispensar algumas informações. O tempo e a experiência dão ao jornalismo a maturidade para saber trabalhar bem essas informações. Além disso, o trabalho dos editores também contribui para a elaboração de um bom textos. Eles vão perceber que informação está faltando ou se algum dado pode ser dispensado do lide.

Título
O título é outro elemento que, normalmente, é trabalhado pela equipe. Muitas vezes o título dado pelo jornalista é mudado no decorrer da edição do jornal, por inúmeros motivos. Os editores, editores de arte e diagramadores trabalham em conjunto na criação do design da página e isso pode gerar títulos diferentes.

Não é raro, principalmente em reportagens, a diagramação da página ser feita “em torno” do título, por isso, o título e a arte da página acabam sendo desenvolvidos em conjunto. Até a tipologia usada pode variar conforme o título.

Uma dica para criar títulos é usar os verbos no presente do indicativo para que o jornal não pareça velho. Por isso, lemos, por exemplo, “Brasil vence...” – “Polícia prende...” e não “Brasil venceu...” – “Polícia prendeu...” 

Linha fina
A linha fina está cada vez mais presente nos jornais modernos, isso porque a leitura da linha fina agiliza a compreensão da notícia. O leitor de jornais não tem tempo para ler todos os lides do jornal, e a linha fina auxilia o leitor a compreender o contexto da notícia. A linha fina também é chamada de subtítulo em alguns veículos.

A linha fina deve completar a informação do título. Normalmente é escrito sem pontos. Alguns jornais pecam ao usar a linha fina apenas por estéticas e acabam criando textos desinteressantes e que não captam a atenção do leitor. Um desperdício de espaço.

Chapéu
O chapéu no jornalismo é fácil de identificar, pois é uma frase ou expressão que identifica o assunto ou o personagem central. Também auxilia no desenvolvimento da matéria, facilita o entendimento do leitor e deve sempre trabalhar em conjunto com título e linha fina. Por exemplo, um chapéu com a expressão “U$ 50 milhões” facilita o entendimento de um título “Barcelona acerta compra de Ronaldo”. Só de ler título e linha fina, o leitor já sabe as informações mais importantes da notícia. A linha fina ainda poderia conter informações como tempo de contrato para deixar o leitor bem informado mesmo sem tempo para ler o resto na notícia.

Retranca
Esta ferramenta é utilizada no corpo do texto. Conforme a matéria é escrita, o jornalista pode perceber que o texto está muito longo e “quebra-lo” pode ser uma forma de deixa-lo menos pesado. A retranca é uma palavra que identifica o assunto do texto a partir daquela parte. Por exemplo, um texto falando de um problema no pronto-socorro municipal pode ter a retranca “Resposta” para identificar que no parágrafo seguinte há uma resposta dos responsáveis.

A retranca é utilizada em reportagens e textos mais longos para dar uma identidade visual mais agradável.

Olho
O olho em jornalismo é uma expressão que designa uma frase destacada do texto. O olho é colocado no meio do texto com letras maiores para dar ênfase a uma frase da matéria. Por exemplo, se a notícia é sobre a derrota de um time e o treinador declara que “sabíamos que perderíamos antes do jogo começar”, a fala do treinador merece destaque. Os editores abrem um espaço no texto, como um elemento gráfico, e colocam esta frase em uma fonte com tamanho maior.

O olho é outra forma interessante de atrair a atenção do leitor, pois nem sempre é possível destacar no título ou lide uma frase de impacto.

Legenda e texto-legenda
Pode não ser perceptível mas existe uma diferença entre legenda e texto-legenda. A legenda, como sabemos tradicionalmente, é um texto que complementa as informações de uma fotografia. Já o texto-legenda é um pouco maior, normalmente, usa-se um quadro junto à fotografia.

Em um próximo texto quero falar um pouco sobre os elementos gráficos de uma matéria, como fotografia, gráfico e ilustração.  

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Moderar comentários é censurar?

Com o avanço das mídias digitais, a participação do leitor se tornou mais rápida e eficiente que em tempos de mídia impressa ou até mesmo eletrônica. No início da internet os comentários eram publicados quase que instantaneamente, com o passar dos tempos, percebeu-se a necessidade de uma triagem nos comentários, que passaram a ser encaminhados para o "tal" moderador.

Mesmo em rádio e televisão com participação ao vivo, não há tantos comentários como na internet, onde milhares de pessoas podem comentar ao mesmo tempo e em épocas diferentes, não apenas durante um determinado programa, como em rádio e tv. Vale lembrar que o leitor da internet pode fazer um comentário mesmo após meses e até anos da publicação, o que facilita a participação plural.

Na Europa
Há alguns meses, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos considerou que as grandes mídias são responsáveis, inclusive pelos comentários de seus usuários. Assim, por exemplo, se você quser fazer um comentário racista em uma matéria do jornal alemão Bild, o jornal não pode culpá-lo exclusivamente pelo o que você escreveu. O jornal também deve assumir sua culpa por autorizar a publicação do comentário.

Sob o argumento de que a liberdade de expressão não pode ser maior que a honra de um terceiro, o Tribunal tomou a decisão de tornar os sites responsáveis pelos comentários. Outro argumento usado é que é muito mais difícil localizar um usuário que os responsáveis pelo site, principalmente quando o site possibilita comentários por anônimos. Mesmo exigido um login, não é difícil alguém criar um fake (perfil com dados falsos), o que torna a busca pelo autor mais difícil.

Levando o assunto para lados mais polêmicos, há quem diga que tal decisão pode deixar os sites das grandes mídias europeias com um grau de censura ainda maior. O mesmo cuidado que um jornal tem ao publicar uma matéria, agora deve ter com o comentário que será publicado.


Os mesmos critérios de noticiabilidade agora precisam ser toamdos também com os comentários de seus leitores. O problema é que não se pode cobrar dos leitores os conhecimentos técnicos e éticos que se cobra de um profissional de comunicação.

Redes Sociais, Blogs, Fóruns...
Na teoria, na minha visão, o conceito está mais que certo, no entanto, na prática, isso deve ser melhor estudado e elaborado. O princípio cru de que a honra deve ser respeitado acima da libedade de expressão pode interferir em conteúdos e comentários feitos em blogs, fóruns e até redes sociais.

Imagine um site com fóruns ou um blog cheios de comentários como este (só que não kkk) sendo responsabilizado pelo conteúdo postado por terceiros. Se a moda de processos e julgamentos para sites, blogs e portais  pega, a tendência é que as empresas restrinjam cada vez mais a participação do internauta.

Os mais radicais podem alegar o contrário: tanta moderação não passa a ser um tipo de censura? Você proibir que leitores comentem uma notícia é viável, legal, ou moral. Há até quem diga que "o melhor das notícias são os comentários".

Não acho que isso (onda de processos de pessoas que se sentem prejudicadas contra sites) vá ocorrer, mas é uma questão interessante para pensar. Os sites devem se responsabilizar por conteúdo postados por terceiros? Até que ponto vai esta responsabilidade pelos comentários?

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Prova de concurso público para jornalista

Segue link para uma prova aplicada em 2008 em concurso público para o cargo de jornalista para a Universidade Federal do Ceará. Possui muitas questões interessantes sobre diversos assuntos relevantes para a profissão. São questões relacionadas ao clipping, texto, técnicas de reportagem, lead (lide), características da notícia, texto jornalístico e texto publicitário, assessoria de imprensa e muitos outros temas.

Também possui perguntas de nível superior sobre língua portuguesa. É uma prova muito boa para quem está estudando para passar em algum concurso, pois possui perguntas bem elaboradas e bem diversificadas.

Segue LINK PARA A PROVA

Segue LINK PARA O GABARITO

domingo, 17 de novembro de 2013

Uma pessoa tímida pode ser jornalista?

Está é uma das perguntas mais comum entre pessoas que desejam ser jornalista. Seja em época de vestibular, seja nos primeiros dias de aula, sempre existem alguns tímidos que não sabem se a timidez pode atrapalhar na profissão. Lembro-me dos meus primeiros dias de faculdade, e algumas pessoas, inclusive eu, que faziam esta pergunta aos professores. Hoje, na prática, vejo que, assim como em qualquer outra profissão, a timidez é um obstáculo superável por vários motivos. Um dos jornalistas esportivos mais conceituados da atualidade, Paulo Vinícius Coelho também precisou superar a timidez.

Considero a faculdade um fator essencial para desenvolver a profissão, pois aprendemos a superar essas dificuldades nos trabalhos desenvolvidos. Os jornais murais, informativos e trabalhos práticos nos ensinam a conviver com a rotina do jornalista.

Você precisa também saber que, na verdade, a maioria das entrevistas são individuais, o que deixa o diálogo mais informal, mas fácil de levar. É só você e o entrevistado. Não precisa ser afoito. Relaxe e comece com um assunto mais informal, como o tempo, um café ou coisa assim. As entrevistas coletivas ou em situações mais tumultuadas são poucas, se comparada com aquelas que você agenda por telefone. Aliás, muitas, hoje em dia, são feitas por telefone ou e-mail. 

Em primeiro lugar, não considero essa característica como negativa, muito pelo contrário. Dependendo da ocasião é um fator positivo. Mais tarde falo disso. O mais importante é você saber lidar com sua timidez e usá-la a seu favor. Falo por mim, que tenho um agravante, fico ‘vermelho’ com muita facilidade. Mas fui aprendendo a lidar com isso. Fazer apresentações, desde a época da escola, pensar em algo engraçado enquanto alguém fala sério ou ter que falar alto são situações rotineiras que me deixam ‘vermelho’. Aprendi a, em situações assim, relaxar, respirar devagar e falar pausadamente, para não falar besteiras. O resultado: nunca fiz perguntas taxadas de ‘idiotas’ ou confusas, pois a minha timidez sempre me impediu de falar sem pensar, o que é extremamente importante na profissão de jornalista. Já vi alguns colegas que falam pelos cotovelos, que não têm nada de tímido, fazerem perguntas ‘cretinas’, confusas e até que já haviam sido respondidas. Aí, você percebe que, normalmente, os afoitos é quem passam vergonha. Por isso, como falei, a timidez pode ser um ponto positivo, uma vez que ela te impede de falar sem pensar.

Pergunta inteligente não ofende
Outro exemplo que acho ridículo acontece em palestras e discursos, quando o jornalista pergunta algo que a pessoa já falou, ou sobre algo que já foi abordado na palestra. Acho perda de tempo, o entrevistado acaba saindo respondendo somente assuntos que ele já falou, portanto, sabia todas as respostas, e ninguém se atem a fazer perguntas que poderiam sanar dúvidas ou complementar uma informação. Mais uma vez, o jornalista que só faz perguntas por fazer, porque é ‘descontraído demais’ não faz um bom trabalho.

Além disso, com a prática, você vai aprendendo alguns ‘macetes’, como no caso acima de palestras e discursos. Se as informações passadas já são suficientes para o seu texto. Não há porque ficar na ‘nóia’ de ser obrigado a perguntar algo. No começo, achamos que somos obrigados a fazer perguntas porque somos jornalistas. Mas fui percebendo que dependendo do jornal onde trabalhamos, não adianta coletar informações desnecessárias. Podemos acompanhar as perguntas dos colegas, não é necessário ‘fabricar’ perguntas. Também já fui vítima disso no começo da profissão. No anseio de me sentir obrigado a fazer perguntas, fiz algumas muito tolas e desnecessárias, e percebi que estava fazendo papel de idiota. Era melhor ter ficado calado.

Não estou dizendo que você não deva fazer perguntas, mas só estou levantando a importância em pensar bem no que será perguntado, para não ‘colocar a carroça na frente dos burros’. Neste ponto a timidez é boa porque nos faz pensar bem antes de proferir uma pergunta inútil.

Ninguém é seu inimigo
Outra coisa que percebi com o tempo, é que existem jornalistas muito agressivos em suas perguntas. Fazem isso porque querem passar uma imagem de críticos ou incisivos, e acabam levando tudo para o lado pessoal, praticando um antijornalismo. Por exemplo, o jornalista que não gosta do prefeito (ou trabalha para jornal de oposição) só tem interesse em criticar e atacar o chefe do Executivo municipal. Não faz papel de jornalista e sim de oposição. É levado pela ‘lavagem cerebral’ dos proprietários do jornal. Isso é mais comum em cidades pequenas, onde os jornais são panfletos políticos. de qualquer forma, não seja levado a achar que fulano ou sicrano é seu inimigo. Ainda não vi jornalista ganhar destaque com atitudes assim.

Nunca tive a pretensão de fazer inimigos, bem como nunca fiz questão de fazer amigos com o jornalismo, mas posso me orgulhar de dizer que eu soube me desprender de ter que ser amigo ou inimigo, tenho que ser jornalista. E o que isso tem com o fato de ser tímido? Como nunca pensei em ser ‘o jornalista’ crítico e polêmico, sempre realizei minhas entrevistas com calma, pensando bem nas perguntas e em como fazê-las. Utilizando um tom de voz mais calmo e demonstrando que você não está levando para o lado pessoal, o entrevistado fica mais à vontade para responder sua pergunta. 

Certa vez, em minha cidade, um caso polêmico ocorreu entre os vereadores. Na sessão seguinte, foi aquele frenesi, um monte de jornalista apontando os microfones, fazendo exigências e fazendo perguntas de forma agressiva. Resultado, todos os entrevistados saíram calado. Mais tarde, sozinho, fui em alguns gabinetes e explique quais informações eu precisava. Com calma, serenidade e educação. Para resumir, consegui tudo o que precisava. Aliás, não apenas neste episódio, mas nunca me foi negado uma entrevista, pois aquelas pessoas sabiam que eu não estava ali para ‘crucificar’ ninguém, apenas trabalhava.

Obstáculo não. Aliado
Para terminar, gostaria de ressaltar que a maioria dos profissionais que conheço são pessoas tímidas, ou pelo menos, não ‘fanfarrões’. Estes aliás, vivem dando ‘barrigada’ por quererem ser polêmicos.
Se você quer seguir na profissão vai perceber que a timidez não é um obstáculo, mas sim um aliado.
Se você, ainda assim, acha difícil ser jornalista tímido, saiba que existem várias funções para um jornalista. Você não precisa ser necessariamente um repórter de campo, embora seja, na minha opinião, um passo importante na profissão.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Melhores filmes e seriados sobre jornalismo

Tenho que dizer que não assisti tantos filmes sobre jornalismo quanto gostaria. Fiz uma lista com apenas cinco filmes legais. Por incrível que pareça, me lembrei mais de seriados que assisti e gostei, por isso, completei a lista com alguns seriados. São filmes e seriados que valem a pena investir um tempinho para ver.

Como estou muito tempo sem postar nada, decidi escrever um post mais light. Como eu disse, não tenho uma longa lista para oferecer, se você quiser recomendar algum filme, ou seriado, fique à vontade. Outro detalhe é que não sou especialista em cinemas, então não vou ficar falando de atuação, fotografia... Vou começar pelos filmes. Confira meu Top 5.

5. O âncora
Pode não ser um filme genial, mas como adoro comédia e o ator Will Ferrel, este foi o primeiro filme que me veio à cabeça quando decidi fazer esta lista. O filme retrata um vaidoso apresentador de um telejornal que fica com inveja quando uma mulher o substitui e começa a fazer mais sucesso, decidindo fazer notícias mais relevantes. Pode parecer bobo, mas é interessante porque mostra o ego do jornalista. Bom para combater a tentação de o jornalista se sobressair sobre a própria notícia.


Um dos clássicos mais conhecidos na história da televisão. Assisti este filme há anos e nem me lembrava de muita coisa. Mas é um filme bem legal que retrata a vida de um magnata do jornalismo que antes de morrer diz a palavra 'Rosebud' (a mesma palavra usada no jogo The Sims para ganhar dinheiro facilmente). Um jornalista tenta descobrir o que isso significaria.


A velha questão sobre liberdade editorial é colocada neste filme. A ideologia de uma redação independente de pressões externas é muito bem abordada aqui.


Eu adorei este filme porque mostra uma antiga questão polêmica sobre a profissão: o que é mais importante, experiência ou formação teórica? Um experiente jornalista, de uma grande redação, fica com aquela dor de cotovelo ao ver uma professora ensinando jornalismo em um curso. A professora, por sua vez, defende que o conhecimento na sala de aula vai preparar melhor aquelas pessoas para iniciar a carreira jornalística.


Um excelente filme sobre um dos, se não 'o', casos mais importantes da história da profissão. O caso Watergate foi muito bem retratado e achei o filme bem legal. é um filme obrigatório para todo estudante de jornalismo.


Seriados
Alguns bons seriados que abordam o jornalismo e valem uma busca pela internet. Alguns programas, como 30 Rock, que abordam mais o funcionamento de uma rede de TV do que propriamente do jornalismo foram deixadas de lado.

Este seriado, vencedor de um Emmy, é exclusividade para assinantes Netflix. O foco maior é na política, mas achei interessante o papel de uma repórter na trama. A jornalista, sem perceber, acaba sendo manipulada por um político, que acaba utilizando a vaidade e ganância da jovem jornalista para fazer o que lhe é mais aceitável.


Este seriado passa na HBO e mostra de forma inteligente e bem real o cotidiano de uma redação. O seriado resgate um pouco da credibilidade norte-americana, que vem caindo em desmérito há anos.


Acompanhei este seriado de comédia nos anos 90, pela Sony. Mostra a rotina de uma repórter que mudou de tablóide e levou para sua equipe dois colegas de trabalho. Ainda apresenta uma visão nostálgica do trabalho jornalístico, numa época que pouco se usava internet e celulares.

2. Murphy Brown
Este era um dos meus seriados favoritos. Lembro até que passava às sextas-feiras, se não me engano, depois mudou para às quintas. A personagem principal trabalha como âncora e mostra de uma forma bem divertida a rotina de um programa jornalístico de tv. A atriz principal, Candice Bergen, ganhou cinco Emmys neste trabalho.



Um dos melhores seriados que eu já vi na minha vida. Aqui, estamos falando de um seriado que mostra a rotina de uma rádio. Tem o locutor arrogante, a locutora 'política' e o empresário excêntrico. Lembro de um episódeo no qual o dono da rádio finge que vai dar a volta oa mundo de balão, mas é tudo filmado. Bem típico desses milhonários que não sabem como gastar dinheiro e ainda aparecer na mídia. Muito bom.


Mesmo quem não tem interesse pela área, pode assitir este filmes e séries. São produções muito boas, com personagens marcantes e histórias bem criativas.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Conceitos básicos para quem deseja ser jornalista

Ao iniciar uma faculdade (curso, em Portugal) de jornalismo muitos estudantes não tê
m a visão exata do real papel do jornal e dos profissionais que o constrói. Hoje, a maioria que procura esta faculdade é formada por moças que querem ser repórter de tv. Uma outra parte, de meninos que querem ser jornalista esportivo.

Isso mostra, na minha opinião, como os jovens não são bem informados sobre as possibilidades e responsabilidades desta profissão. Na verdade, muitos iniciam a faculdade justamente caminhando contra a ética da profissão. Buscam fama e reconhecimento ao invés de informar e realizar seu papel social.

Lembro-me que ao cursar a faculdade de jornalismo, minha 'ficha só caiu' no último ano.  Seria como o 'médico filho de médico que faz medicina' porque sabe que não lhe faltará emprego e ainda ganhará um bom salário (sei que no setor público o salário do médico é 'vergonhoso', mas ainda assim é acima da média das demais profissões). Seria confortável cursar medicina para ter estabilidade financeira e não se importar com o real sentido da profissão.

Já fiz um texto falando superficialmente do papel social do jornal e do jornalista, hoje quero escrever um texto mais voltado aos que estão iniciando o curso, ou pretendem cursá-lo.

Noções Básicas
Imagine-se (se você ou pretende ser jornalista) como um defensor dos direitos humanos. É seu dever dar voz aos que não a têm. Defender a universalidade dos direitos humanos. Entrar na profissão para se tornar mais um 'rostinho bonito na tv' ou pra ficar analisando e falando do Neymar, Barcelona ou Brasileirão é uma afronta à própria profissão. A democracia deve ser buscada por prioridade.

'Puxa, então você acha que os jornalistas esportivos são inúteis, e o jornalismo de moda, ou entretenimento são puro lixo?'. Claro que não. Mas os conceitos básicos da profissão são os mesmos. É preciso denunciar os absurdos em favor da Copa e Olimpíadas no Brasil, ou em épocas de ditadura, por exemplo. É mais importante denunciar as famílias 'arrancadas' de suas moradias que se empolgar com a conquista da Copa das Confederações.

Não acredito que nasçam bons jornalistas sem 'pisar na lama'. É preciso entrar nas favelas, entrevistar pessoas 'socialmente excluídas'. Desde a faculdade o gosto pela busca da real democracia deve ser exercitada.

Infelizmente, no exercício da profissão dificilmente teremos a oportunidade de manter 'essa pegada', mas é preciso desenvolvê-la para não nos tornarmos simples conformados. 'O jornal onde trabalho tem anúncio da prefeitura', 'não tenho autonomia para pautar matérias', 'trabalho no Diário Oficial, como vou dar voz aos injustiçados?'. 'Sou apenas um assessor'. Se você se conformar com suas delimitações, seria melhor que não exercesse a profissão.

Desde o início, seja qual for a posição editorial (política) do veículo que trabalha, ou editoria, sempre imagine como deixar seu material mais democrático.

Falar de ética seria muito amplo. Uma boa leitura sobre o assunto seria o livro 'Jornalismo Público', de Danilo Ruthberg. Eu tenho este livro e recomendo. Quero escrever um pouco sobre noções básicas para exercer a função jornalística.

Duro ou mole?
No último post falei sobre algumas pistas que você pode ter para saber se realmente esta é a profissão para você. Agora, imagino uma situação na qual você possa aprofundar um pouco os conhecimentos sobre o texto jornalístico.

Há muita coisa para aprender. Vou começar com o informação 'dura ou mole'. Um dos conceitos básicos do jornalismo. É realmente fácil de entender.

Quanto mais próximo de um boato, mas 'mole' é a informação. Por outro lado, quanto mais concreta e embasada uma informação,  mais 'dura'. Por isso, evite dados, informações e números que você não consegue identificar a origem (fonte).

Dizer que 'a população aprovou a reforma' é totalmente mole se você não tiver a declaração de um, dois, ou até mais, morador confirmando isso. Escrever que os políticos estão em descrédito é inviável se não houver uma pesquisa com um número de entrevistados considerável.

Uma boa forma de aprender essa diferença de 'duro e mole' é a seguinte: imagine que você pode ser processado por cada informação incorreta. Com certeza você vai pensar 234 mil vezes antes de escrever que 'o juíz Fulano de Tal é homossexual'. Mesmo com dados menos comprometedores, como 'azul é a cor preferida dos meninos', imagine que se você não tiver um respaldo, vai ganhar um 'belo' processo.

Assim, toda vez que você apresentar uma informação, vai buscar a origem dela. Por isso, quando há pesquisas, por exemplo, se divulga 'Fonte: Ibge', ou escrevemos 'segundo Fulano de Tal', 'Cicrano acha que a presidente errou ao tomar tal decisão'.

Notícias, excluindo pequenas notas, são sempre baseadas em estatísticas e entrevistas. Escrever que fulano está triste ou alegre sem que ela diga, por exemplo, deve ser evitado. Por isso, ouvimos e lemos muito a expressão 'visivelmente abalada', ou transtornado, ou 'mostrou irritação'.

Com a prática o conceito de 'duro e mole' é melhor assimilado, mas acho que deu para entender o que significa.

Se você já foi dar depoimento na delegacia como testemunha, sabe que se você falar 'eu acho que motoqueiro estava errado', vai tomar 'um fora' do delegado. Ele provavelmente dirá 'não quero saber o que você acha, quero saber o que você viu'. É mais ou menos isso que o jornalista faz. Não interessa o que você acha, e sim o que é concreto, real.

domingo, 28 de julho de 2013

Ser ou não ser (jornalista)? Eis a questão

Para quem deseja iniciar a carreira de jornalista este texto visa esclarecer algumas dúvidas sobre a profissão e apontar alguns conceitos básicos. Mercado de trabalho, salários, áreas e ramos são alguns elementos abordados neste post.

Por que devo ser jornalista?
Muitos jovens, não que eu seja velho, assistem filmes, novelas, seriados ou documentários e acham que ser jornalista é quase ser detetive. Outros tantos se fantasiam trabalhando na Espn, Globo ou CNN. São ideias descartáveis. Não que você não possa ter esta ambição, mas, como toda profissão, não é a realidade da maioria, principalmente se você não se formar na USP ou outras 'mega' universidades, as quais lhe ofereçam a possibilidade de cruzar com grandes nomes pelos corredores.

Só para você saber, trabalhar em uma filial da Globo nem é tão impossível, mas se você chegar lá vai perceber que o salário não é tão fenomenal assim e nem as condições de trabalho. Por isso, não se iluda achando que ao trabalhar em uma filial da Globo, Band ou Record vai poder 'amarrar o burro na sombra'.

Você também logo vai perceber que a média salarial é relativamente baixa. Mas se você fizer 'tudo direitinho' depois de , mais ou menos, uma década na área você terá boa chances de ter dois empregos, trabalhar em assessoria ou pegar uma 'graninha' extra com trabalhos freelance. É claro que não dispensamos as possibilidades de você ser promovido. Minha dica: desde a faculdade acumule conhecimentos para tentar passar em concurso público, onde a média salarial é de R$ 3500,00. Ah, e não esqueça de fazer uma pós.

Tem muito jornalista que vive de aparência
Tem muita gente que associa a profissão de jornalista com glamour, pois conhece algum profissional que vive em festas, reuniões sociais, próximo às autoridades. O pior é que tem muito jornalista que se ilude com isso mesmo.

Ao exercer a profissão você vai participar de zilhões de festas sociais da elite, as chamadas 'festas fechadas', vai ganhar mais zilhões de convites e entradas vip e vai ter mais proximidade das autoridades. Conviver com a elite não significa fazer parte dela. Cabe a cada um julgar se essas coisas devem ser apreciadas ou não.

Pode ter certeza que muito jornalista que 'paga um sapo' não ganha tanto quanto você imagina, por isso, não escolha essa profissão achando que os blazers e ternos alinhados são sinônimos de salários altos. A não ser que você avalie que ganhar pouco mas estar entre os importantes é melhor que ganhar muito e não ter tanto reconhecimento, como engenheiros ou analistas de sistema.

'Quero ser comentarista de futebol'
Você também precisa saber que dificilmente escapará da política, assistência social ou outros assuntos não tão atraentes, pelo menos para a maioria que ingressa na faculdade almejando trabalhar com esporte, moda ou tecnologia. Mesmo assim não desanime, pois assuntos como política e economia não são nenhum bicho de sete cabeças e fazendo o 'feijão com arroz' não há muito o que temer.

Recomendo que 'saia da caixa' e pense na profissão como um 'geral', esteja preparado para atuar em qualquer segmento. Não entre na paranoia de querer ser só 'jornalista esportivo' ou 'de comportamento'.

Outra coisa: esquece essa história de 'investigador'. Jornalista consegue as informações por que tem fontes interessadas em prejudicar ou beneficiar alguém. Por exemplo: o caso do mensalão estourou porque políticos de oposição e ex-integrantes resolveram chamar a imprensa para repassar informações e documentos. Não foi nenhum 'salvador da pátria' que ficou dias sem dormir, revirando lata de lixo e investigando a vida pessoal dos suspeitos. A mesma coisa para o recente caso dos jatos da FAB. Diga-se de passagem, grandes 'escândalos' (principalmente políticos), normalmente, também envolvem dinheiro. Prefiro não me aprofundar nesta questão.

Considere trabalhar para empresas, pois com a profissionalização e evolução da comunicação empresarial, as grandes empresas recrutam jornalistas para sua assessoria de imprensa com muito mais frequência que em anos passados. Além disso, a evolução das tecnologias exige que as empresas tenham um profissional de Comunicação para lidar com as redes sociais e novas mídias.

Onde trabalham?
O campo para jornalista é bem amplo, mas não nos enganemos, rádios da cidade, canais por assinatura da sua região, jornais de bairro, portais, etc vão lhe oferecer baixos salários. Para quem está começando, aceite, pois, no pior das hipóteses, você acumula experiência e melhora o currículo.

O 'filé', em termos salariais, além, claro, dos grandes veículos, é pegar uma assessoria de imprensa, seja em empresas ou no ramo político. No entanto, as 'dispensas' ocorrem com mais frequência e facilidade. sem contar que você será obrigado a 'pagar um pau' pro seu empregador 24 horas por dia. Aí, você tem que ir em reunião às 23h, festa de aniversário no domingo à tarde e inaugurações no dia do aniversário de sua esposa. Existe boas chances de você ter que 'vender sua alma'.

Como saber se serei um bom jornalista?
Também estou atrás de uma resposta para essa questão, mas conversando com amigos e professores posso dar algumas sugestões (as quais também vou seguir :)). Fuçando na net, você vai achar dicas de 'ler muito', 'escrever bastante' e 'se informar sempre'. Na verdade, são dicas para todas as pessoas, independente da profissão, mas é claro que, como jornalista, você vai dar mais atenção às palavras utilizadas, à construção do parágrafo ou apresentação das informações.

Acho que, como em toda profissão, o importante é ter disposição para sempre aprender e se reciclar. Não ficar com pensamentos e dogmas nos enjaulando.

As dicas de ler muito, escrever, analisar, avaliar você vai desenvolver na faculdade ou com o tempo de profissão. Não quero falar disso neste texto. Talvez, em um próximo. Por enquanto, prefiro ressaltar a importância de buscar as informações, seja na profissão ou na faculdade. Tendo disposição para coletar a maior quantidade possível de dados já um bom sinal.

Jornalista só escreve? O tempo todo?
Não! Também bebemos muito café :).

Claro que comparado com outras profissões, escrevemos muito mais, mas isso não significa que a rotina de trabalho de um jornalista se resume a isso. Conversamos muito, debatemos, colocamos nossas ideias, ouvimos opiniões diversas. Isso nos dá segurança para abordar um assunto, mas ainda há muitas outras coisas que um jornalista pode fazer.

  • Elaborar sites, portais e blogs. Agir como intermediador nas redes sociais. Criar jornal interno de uma empresa. Ajudar a criar folhetos e folders. Atuar juntamente com a equipe de publicidade para desenvolver estratégias de comunicação. Servir de intermediário entre empresa e população. Responder perguntas, correr atrás de soluções, ajudar a construir a 'imagem' de uma empresa, instituição. 
  • Atuar em ONGs.
  • Editar e diagramar. 
  • Definir estratégias de comunicação. 
  • Atuar em programas de mídia eletrônica (tv e rádio), não apenas como locutor ou repórter, mas também nos bastidores, coletando informações, fazendo contatos, definindo pautas, organizando as equipes.  Elaborar e intermediar documentários, debates e 'mesas redondas'.
  • Atuar no cinema, como pesquisador, entrevistador, redator.
  • Produzir discursos, elaborar documentos e apresentações. 
  • Atuar em rádios, não só como locutor, mas coletando informações para os locutores. Foi minha primeira experiência na profissão.
  • Atuar em  canais de televisão. Assim como no rádio, não necessariamente aparecendo, mas contruindo a base interna de informações.
Onde estudar?
Quem mora em cidade pequena, como eu, não tem muita opção, mas quem mora em capitais pode ficar indeciso sobre qual faculdade escolher. Neste LINK há uma lista das dez melhores faculdades de jornalismo do Brasil, já neste outro LINK é possível ver a avaliação de todas as faculdades de 5 a 3 estrelas.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Jornalista narra a história, não a constrói

Na última semana li um excelente texto de Carlos Alberto di Franco, no qual menciona Carl Bernstein, para levantar uma importante questão do jornalismo. A profissão exige que o jornalista narre os fatos, aponte os diferentes pontos de vista, não cabe a ele construir a história, ainda que usando subterfúgios linguísticos, narrativos ou mascarando sua opinião pessoal com informações, declarações inexpressivas, e até levantando polêmica para se dizer incisivo.

Se, por um lado, critica-se o político manipulador, muito jornalista entra no jogo do 'faz de conta que sou neutro' para manipular a opinião do leitor, embaçar a vista, omitindo fatos, informações e ressaltando o que lhe apraz.

A 'ficção da imparcialidade' normalmente é feita com aspas do prejudicado, por falta de uma pergunta inteligente, ou esclarecedora. Em épocas eleitorais, então...

Escrever um texto sem que interesses exterior o influenciem, pode ser menos difícil que escrever um texto
sem deixar os interesses internos prevalecerem. O interesse do próprio jornalista acaba prevalecendo sobre o interesse social.

Como o texto diz, reconhecer o erro de grafia ou de uma vírgula mal colocada é fácil, difícil é reconhecer os erros éticos.

Os jornais continuam não sendo um espelho da sociedade. Em minha cidade, Guarujá, por exemplo, isso é bem claro. Verdadeiros boletins políticos são distribuídos na faceta de jornais, alguns deles sem jornalista responsável, inclusive. Mesmo em veículos mais importantes do país, a prática existe, prejudicando a democracia.

Fácil é apontar um político defender seus interesses, enquanto
a grande imprensa, com o poder do conhecimento das palavras, ludibria de forma menos visível.

Aos profissionais e estudantes de jornalismo cabe vigiar-se e ter humildade de cumprir com ética o que se espera dele. Quando o escritor tem a capacidade de comercializar sorrateiramente sua opinião no texto, influenciando opinião pública, mas prefere assim não proceder, mostra-se digno da profissão que exerce.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Prova BNDES 2013

Realizei mais uma prova neste mês. Segue aqui o link para você estudar para futuros concursos públicos. Trata-se da prova organizada pela Cesgranrio, para o BNDES.

O link da prova é exclusivo para a área de Comunicação Social. Não postei a prova discursiva porque ainda não havia sido liberado o gabarito. Assim que o gabarito estiver disponível, posto as questões e as respostas padrões. A prova objetiva possui questões de Língua Portuguesa, Inglês, Espanhol e específicas de Comunicação Social.

Link para a Prova CLIQUE AQUI
Link para o gabarito CLIQUE AQUI

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Prova BNDES 2008

Para quem está se preparando para concurso público, segue a prova realizada em 2008 para o #BNDES. A prova foi organizada pela CESGRANRIO.

As questões técnicas do processo de impressão sempre são uma pedra no meu caminho, mas aos poucos consigo ler uma coisinha aqui outra lá... As questões de Língua Portuguesa e Língua Estrangeira não chegam a ser tão cabeludas. E as demais questões de Conhecimentos Específicos também merecem atenção.

Como em março será realizada mais uma prova para o BNDES, achei interessante postar uma prova para a mesma empresa e organizada pela mesma banca. Caso queira ver outras provas acesse o ARQUIVO DO BLOG.

Segue link PARA PROVA
Segue Link PARA GABARITO

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Jornalismo declaratório. Puro fracasso

Entende-se por jornalismo declaratório, a produção de uma matéria baseada em declarações. Entrevista com as partes envolvidas. Para um leigo, ouvir os dois (ou mais, se houver) lados basta para se fazer jornalismo.

Se você é estudante ou está nos primeiros passos da profissão de jornalismo, tente fugir deste pseudojornalismo.

Um trabalho que se resume em divulgar as partes envolvidas e suas declarações e posições não pode, e não deve, ser dito como um trabalho profissional.

Este trabalho surge, basicamente por causa de dois elementos fundamentais que não são conciliados no jornalismo moderno.

1. Necessidade de se cumprir uma função social e de retratar uma realidade.
2. Limites das redações e veículos na produção e investigação de notícias. Basicamente, falta de tempo para melhor apuração e pressa em publicar algo novo.

No fim das contas o jornalismo atual, devido à pressão por novas matérias a cada instante e equipes relativamente pequenas, não consegue cumprir o papel social de investigar a fundo suas matérias, mas precisa divulgar alguma coisa para mostrar "trabalho".

Por fim, para desencargo de consciência, ouve-se dois ou três personagens e se publica algo. Muitas vezes, sem, se quer, checar a veracidade dos fatos.

Para @Orlando Tambosi, jornalista catarinense, "Por um lado, quanto mais declaratório for o jornalismo, quanto mais depender exclusivamente de fontes, mais difícil será sustentar que seja uma forma de conhecimento autônoma. [...] Em resumo, o jornalismo declaratório produz informações, mas é difícil saber se são verdadeiras, por mais ‘checadas’ que sejam e por mais críveis e honestas que sejam as fontes. Pode por isso induzir a crenças falsas. Nesse sentido, não produz conhecimento".

Jornalismo declaratório e dossiês
Trata-se de um trabalho forjado para fingir imparcialidade. Ao invés de se produzir um material de investigação, baseado em fatos, descobertas e documentações legítimas, produz-se dossiês.

O problemas é que estes dossiês são produzidos por pessoas ou grupos de pessoas com um interesse em comum. Este a tendência deliberada de atingir alguém, ou alguma instituição.

Vale ressaltar que receber o material, os dossiês, não é errado, mas publicá-lo como se fosse o produto de uma investigação jornalística é totalmente fora de ética.

O trabalho do jornalista é coletar dados e entrevistas, deixando bem claro os contextos nos quais foram colhidos sem deixar a impressão que um material colhido de uma fonte tenha sido fruto de investigação do próprio jornalista, ou veículo.

Portanto, tomemos cuidado para não nos acomodarmos e usarmos como desculpa a pressa ou falta de tempo para publicarmos declarações como fruto de matéria de investigação e apuração.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Prova de concurso público para jornalista

Como no mês que vem eu vou me inscrever para mais um concurso publico, resolvi pesquisar mais algumas provas para estudar o material. No caso, como eu já havia feito a prova do BNDES em 2011, então eu ainda tinha algum material daquela ocasião; portanto, resolvi procurar alguma prova da organizadora - CESGRANRIO.

A prova tem algumas questões específicas sobre o estado de Rondônia, que julgo desnecessárias para o estudo, mas as questões de língua portuguesa e as específicas da profissão são muito boas.

Coloco aqui uma prova de 2008, feito para o Tribunal de Justiça de Rondônia. A prova foi baixada pelo site da PCI Concursos. Depois eu subi para o Scribd. Para ver o documento, não é necessário dar download - no entanto, baixar o arquivo é liberado, caso ache que seja melhor.

Segue links:
PROVA
GABARITO

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Escambo nos jornais

Completando meu raciocínio sobre a ética jornalística, neste post termino o tema abordado em meu TCC de  Jornalismo Político.

Para concluir a ideia, escrevi sobre a veiculação de matérias em troca de 'presentes'. Na cidade de Guarujá, onde atuei por três anos, a troca de presentes se resume em veiculação de anúncios publicitários. Se você agrada este ou aquele político, o camarada lhe consegue alguns patrocinadores para o jornal. Se for de situação, o mais almejado é o anúncio da Prefeitura.


Receber pequenos presentes como agendas, livros ou outros sem grande valor de fontes ou políticos é até aceitável, como escreve Franklin Martins (2011, p. 39). Mas o jornalista deve desconfiar quando passa a receber presentes mais caros, ou favorecimentos que outros colegas de trabalho não tenham.

Heródoto e Paulo Rodholfo criticam severamente profissionais que agem por favor financeiro (2003, -.21). “Negue tratamento favorável a anunciantes publicitários e aos chamados interesses pessoais”. Nem mesmo se publica matéria em troca de publicidade.

Os autores são claros aos declarar que (2003, p. 25) “fere a ética o jornalista que deixa o patrocínio afetar o conteúdo e a apresentação da notícia”. Essa relação de trocas de favores, além de comprometer a credibilidade do veículo, faz com que o jornal passe a ideia de que o editorial está à venda.

Outro ponto abordado no meu trabalho é que o jornalista não deve ceder à tentação de veicular matérias em troca de poder. Ele tem o dever de zelar pela sua independência e atitude crítica, resistindo às pressões a publicar, ou deixar de publicar, matérias por oferta de dinheiro, emprego ou outras vantagens.

No texto de Gerson Luiz Martins , publicado no site Observatório da imprensa, o autor denomina de pseudojornalismo essa prática de “extorsão econômica” nas relações entre imprensa e políticos. E é categórico ao declarar que estes “panfletos” não têm qualquer credibilidade entre a população. Para o autor, esses veículos não devem servir de referência para o jornalismo.

A relação estreita entre jornal e político se torna um fenômeno que Gerson Luiz Martins denomina de cúmplice e refém. Os políticos são cúmplices dessas publicações porque as financiam. Por outro lado são reféns, pois estão sempre sujeitos a extorsões. Enquanto houver políticos dispostos a financiar esta práticas, elas tendem a aumentar.

Voltando a falar de  Franklin Martins, o autor comenta que os manuais dos grandes jornais oferecem uma boa norma de conduta ética (2011, p.32) .

Primeiro, porque resumem boa parte da experiência dos jornalistas diante das tentativas de sedução e cooptação, descendo a casos concretos e dúvidas específicas. Assim, fornecem um bom ponto de partida para agir em várias situações nebulosas. Segundo, os manuais de conduta servem como ótima desculpa para recusar propostas ou convites ambíguos sem parecer indelicado.

O autor também comenta que a prática de o jornal veicular informações em trocas financeiras, traz prejuízos à imagem do veículo, ainda que não imediatamente. “Se a empresa jornalística, por interesses econômicos ou políticos, decidir segurar uma notícia em determinado momento, pior para ela: a médio prazo, estará trombando também com o público”, Franklin Martins (2011, p.34).

Uma alternativa para o fim desta relação seria o surgimento, ou crescimento, de escolas de jornalismo na região.

O assunto ética é, praticamente, inesgotável, mas levando em consideração o meu trabalho de conclusão de curso, já escrevi tudo o que poderia escrever. Em algum momento futuro volto a abordar o tema. Agora vou procurar outros assuntos para abastecer o blog.

Espero que eu possa ter dado uma boa prévia sobre a ética no jornalismo.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Jornalismo, democracia e denuncismo

Continuando meus textos sobre a ética do Jornalismo, desta vez quero comentar um pouco mais sobre a relação do profissional com a sociedade. Os textos foram retirados do meu trabalho de TCC da minha pós em Jornalismo Político, com adaptações.

Neste post escrevo um pouco sobre as relações do jornalismo com o desenvolvimento da democracia e como o denuncismo fere a ética jornalística.

Para acessar os posts anteriores sobre o tema, clique nos tópicos a seguir: Jornalismo e fama - O papel social do jornal e do jornalista - Introdução ao assunto.


A obra “Manual do radiojornalismo” destaca alguns pontos éticos importantes para a prática jornalística. Dentre os quais, os autores questionam o jornalista que se preocupa puramente em manter o emprego, deixando de lado o dever social do jornalista. Recomenda-se que os jornalistas questionem quando são pressionados a agir de forma contrária às posturas éticas da profissão.

Impor a linha editorial do jornal sob ameaça de demissão ou outra forma de castigo é condenável .

Publicar boatos ou informações é um erro condenável pelos autores (2003, p.21). “Quando rumores e fofocas são publicados como notícias precisas (...) geralmente se constituem em um sofisma e colaboram para reforçar o denuncismo”.

Para evitar esse erro recomenda-se não publicar matérias baseadas em uma única fonte e evitar textos tendenciosos.

Se um veículo de comunicação se propõe a seguir determinada linha editorial como um “caça às bruxas”, a função social deste jornal é nula. Assim como usar o veículo para promoção pessoal, de amigos, ou patrocinadores. O jornal que se propõe a ser usado como “carro eleitoreiro” nada tem de instrumento social.

Jornal não é panfleto político
Sobre as características de um jornal, Gerson Luiz Martins , em seu artigo publicado 12 de junho de 2012 no site Observatório da Imprensa , explica que muitos jornais atuais atuam mais como panfletos políticos, pois atuam com textos publicitários, opinativos e doutrinários, que fogem totalmente dos objetivos do jornalismo.

No artigo, o autor, ironicamente, comenta que os leitores dessas veículos utilizam o jornal mais como “aparato sanitário de cães e gatos” do que fonte de informação. Esses panfletos, de acordo com o autor, acabam circulando com matérias envelhecidas, matérias frias, são distribuídas de forma precária e alguns desses jornais, sequer possuem jornalistas formados em seus quadros. Como veremos mais para frente, características que recaem muito bem nos jornais da cidade do Guarujá.

O jornal, quando comprometido em informar, também exerce um importante papel para o desenvolvimento da democracia. Pois a democracia não se resume a eleições diretas e indiretas. Franklin Martins explica como o jornalismo tem a ver com a democracia (2011, p.26).

"Implica também o aumento do espírito crítico e maior interferência da sociedade em todos os espaços públicos e de formação da opinião pública. A imprensa é um deles, talvez o mais importante deles.
O resultado é que (...)as decisões editoriais são tomadas, cada vez mais, levando em conta critérios jornalísticos".

Portanto, para que um jornal exerça o papel social que dele se espera, deve fugir de práticas doutrinárias manipuladoras. E seus profissionais devem zelar pela imparcialidade para, não apenas informar, mas levar entendimento ao leitor.

Anabela Gradim aborda o assunto revelando que não é papel do jornalista selecionar arbitrariamente a informação a ser dada(2000,p33).

"O jornalista não é uma vivandeira que espalha boatos e devassa a intimidade e privacidade das figuras públicas; não trafica influências; não paga nem presta favores; não promove nem desfaz a imagem de ninguém; não ameaça; não dá recados; não trai a confiança dos leitores ou das fontes; não se arvora juiz ou autoridade moral das questões quando relata factos. Limitar-se-á a relatá-los".

Por hoje é só. Recomendo a leitura das obras citadas no texto e também dos livros:
Ética no jornalismo
Ética, Jornalismo e Nova Mídia
A arte de fazer um jornal diário

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Jornalista corre atrás da notícia, não da fama

Hoje quero voltar a falar sobre Ética. No meu último post sobre o assunto, abordei o papel social do jornal de do jornalista. Agora vou comentar que o jornalista não faz parte do noticiário.

Recentemente, terminei meu #TCC de jornalismo político, onde eu abordei o assunto e vou aproveitar o que escrevi para este post.

O que o jornalista faz para conseguir informações, ou conseguir entrevistas não faz parte do noticiário. Informações sobre as dificuldades, contratempos ou as emoções do jornalista não são parte da notícia (salvo raras exceções).

No trabalho de Para Pedro Jorge Sousa - Elementos do jornalismo impresso - (p.14), o autor escreve: “os jornalistas não se devem aproveitar da sua função para ascenderem ao estrelato”, pois as notícias, as informações, são mais importantes que o jornalista.

A jornalista portuguesa Anabela Gradim, ao escrever "Manual de jornalismo" chega a dizer (p. 32) "É ridículo o homem que vai cobrir o grande incêndio na Serra da Estrela, do qual já resultaram vários mortos e dezenas de habitações destruídas, abrir a reportagem de forma descabidamente emotiva, e contando como quase se viu cercado pelo fogo mas felizmente escapou ileso. Pese embora o exagero do exemplo, o jornalista tem de perceber que o critério de proximidade se aplica à proximidade do acontecimento com os seus leitores, e não com ele próprio".

O jornalista profissional deve ter o propósito de manter-se longe do que relata, evitando que seu ponto de vista interfira no que escreve. Ainda pressupondo que os gostos e as preferências da pessoa que escreve a matéria não devam interferir na notícia podemos entender que este distanciamento faz parte dos requisitos básicos para um jornalista preocupado minimamente com seus valores éticos e sua conduta moral.

Uma das citações de meu TCC foi retirada do livro "Manual de Radiojornalismo" de Heródoto Barbeiro e Paulo Rodolfo de Lima (p24) que argumentam que “o jornalista é um espectador da cena na qual se produzem os acontecimentos (...). A vedete é a notícia não o jornalista”.

Também achei interessante citar Franklin Martins (p.37), em sua obra "Jornalismo Político", o autor comenta que a função do jornalista é correr atrás da notícia e não da fama, ou do sucesso pessoal. Franklin recomenda que o jornalista tome cuidado para não se confundir com a notícia tampouco se prevalecer dela.

A função social do jornal e do jornalista deve prevalecer sobre questões pessoais como a de o jornalista querer se destacar sobre a notícia. Igualmente, não é função de o jornalista manipular o entendimento da informação, por isso, a relação jornalista-veículo também deve ser ponderada, mas isso já é assunto para um próximo post.

Para aprofundamento do assunto, recomendo a leitura das obras citadas no post.

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