Na última semana li um excelente texto de Carlos Alberto di Franco, no qual menciona Carl Bernstein, para levantar uma importante questão do jornalismo. A profissão exige que o jornalista narre os fatos, aponte os diferentes pontos de vista, não cabe a ele construir a história, ainda que usando subterfúgios linguísticos, narrativos ou mascarando sua opinião pessoal com informações, declarações inexpressivas, e até levantando polêmica para se dizer incisivo.
Se, por um lado, critica-se o político manipulador, muito jornalista entra no jogo do 'faz de conta que sou neutro' para manipular a opinião do leitor, embaçar a vista, omitindo fatos, informações e ressaltando o que lhe apraz.
A 'ficção da imparcialidade' normalmente é feita com aspas do prejudicado, por falta de uma pergunta inteligente, ou esclarecedora. Em épocas eleitorais, então...
Escrever um texto sem que interesses exterior o influenciem, pode ser menos difícil que escrever um texto
sem deixar os interesses internos prevalecerem. O interesse do próprio jornalista acaba prevalecendo sobre o interesse social.
Como o texto diz, reconhecer o erro de grafia ou de uma vírgula mal colocada é fácil, difícil é reconhecer os erros éticos.
Os jornais continuam não sendo um espelho da sociedade. Em minha cidade, Guarujá, por exemplo, isso é bem claro. Verdadeiros boletins políticos são distribuídos na faceta de jornais, alguns deles sem jornalista responsável, inclusive. Mesmo em veículos mais importantes do país, a prática existe, prejudicando a democracia.
Fácil é apontar um político defender seus interesses, enquanto
a grande imprensa, com o poder do conhecimento das palavras, ludibria de forma menos visível.
Aos profissionais e estudantes de jornalismo cabe vigiar-se e ter humildade de cumprir com ética o que se espera dele. Quando o escritor tem a capacidade de comercializar sorrateiramente sua opinião no texto, influenciando opinião pública, mas prefere assim não proceder, mostra-se digno da profissão que exerce.
Mostrando postagens com marcador democracia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador democracia. Mostrar todas as postagens
segunda-feira, 17 de junho de 2013
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Jornalismo, democracia e denuncismo
Continuando meus textos sobre a ética do Jornalismo, desta vez quero comentar um pouco mais sobre a relação do profissional com a sociedade. Os textos foram retirados do meu trabalho de TCC da minha pós em Jornalismo Político, com adaptações.
Neste post escrevo um pouco sobre as relações do jornalismo com o desenvolvimento da democracia e como o denuncismo fere a ética jornalística.
Para acessar os posts anteriores sobre o tema, clique nos tópicos a seguir: Jornalismo e fama - O papel social do jornal e do jornalista - Introdução ao assunto.
A obra “Manual do radiojornalismo” destaca alguns pontos éticos importantes para a prática jornalística. Dentre os quais, os autores questionam o jornalista que se preocupa puramente em manter o emprego, deixando de lado o dever social do jornalista. Recomenda-se que os jornalistas questionem quando são pressionados a agir de forma contrária às posturas éticas da profissão.
Impor a linha editorial do jornal sob ameaça de demissão ou outra forma de castigo é condenável .
Publicar boatos ou informações é um erro condenável pelos autores (2003, p.21). “Quando rumores e fofocas são publicados como notícias precisas (...) geralmente se constituem em um sofisma e colaboram para reforçar o denuncismo”.
Para evitar esse erro recomenda-se não publicar matérias baseadas em uma única fonte e evitar textos tendenciosos.
Se um veículo de comunicação se propõe a seguir determinada linha editorial como um “caça às bruxas”, a função social deste jornal é nula. Assim como usar o veículo para promoção pessoal, de amigos, ou patrocinadores. O jornal que se propõe a ser usado como “carro eleitoreiro” nada tem de instrumento social.
Jornal não é panfleto político
Sobre as características de um jornal, Gerson Luiz Martins , em seu artigo publicado 12 de junho de 2012 no site Observatório da Imprensa , explica que muitos jornais atuais atuam mais como panfletos políticos, pois atuam com textos publicitários, opinativos e doutrinários, que fogem totalmente dos objetivos do jornalismo.
No artigo, o autor, ironicamente, comenta que os leitores dessas veículos utilizam o jornal mais como “aparato sanitário de cães e gatos” do que fonte de informação. Esses panfletos, de acordo com o autor, acabam circulando com matérias envelhecidas, matérias frias, são distribuídas de forma precária e alguns desses jornais, sequer possuem jornalistas formados em seus quadros. Como veremos mais para frente, características que recaem muito bem nos jornais da cidade do Guarujá.
O jornal, quando comprometido em informar, também exerce um importante papel para o desenvolvimento da democracia. Pois a democracia não se resume a eleições diretas e indiretas. Franklin Martins explica como o jornalismo tem a ver com a democracia (2011, p.26).
"Implica também o aumento do espírito crítico e maior interferência da sociedade em todos os espaços públicos e de formação da opinião pública. A imprensa é um deles, talvez o mais importante deles.
O resultado é que (...)as decisões editoriais são tomadas, cada vez mais, levando em conta critérios jornalísticos".
Portanto, para que um jornal exerça o papel social que dele se espera, deve fugir de práticas doutrinárias manipuladoras. E seus profissionais devem zelar pela imparcialidade para, não apenas informar, mas levar entendimento ao leitor.
Anabela Gradim aborda o assunto revelando que não é papel do jornalista selecionar arbitrariamente a informação a ser dada(2000,p33).
"O jornalista não é uma vivandeira que espalha boatos e devassa a intimidade e privacidade das figuras públicas; não trafica influências; não paga nem presta favores; não promove nem desfaz a imagem de ninguém; não ameaça; não dá recados; não trai a confiança dos leitores ou das fontes; não se arvora juiz ou autoridade moral das questões quando relata factos. Limitar-se-á a relatá-los".
Por hoje é só. Recomendo a leitura das obras citadas no texto e também dos livros:
Ética no jornalismo
Ética, Jornalismo e Nova Mídia
A arte de fazer um jornal diário
Neste post escrevo um pouco sobre as relações do jornalismo com o desenvolvimento da democracia e como o denuncismo fere a ética jornalística.
Para acessar os posts anteriores sobre o tema, clique nos tópicos a seguir: Jornalismo e fama - O papel social do jornal e do jornalista - Introdução ao assunto.
A obra “Manual do radiojornalismo” destaca alguns pontos éticos importantes para a prática jornalística. Dentre os quais, os autores questionam o jornalista que se preocupa puramente em manter o emprego, deixando de lado o dever social do jornalista. Recomenda-se que os jornalistas questionem quando são pressionados a agir de forma contrária às posturas éticas da profissão.
Impor a linha editorial do jornal sob ameaça de demissão ou outra forma de castigo é condenável .
Publicar boatos ou informações é um erro condenável pelos autores (2003, p.21). “Quando rumores e fofocas são publicados como notícias precisas (...) geralmente se constituem em um sofisma e colaboram para reforçar o denuncismo”.
Para evitar esse erro recomenda-se não publicar matérias baseadas em uma única fonte e evitar textos tendenciosos.
Se um veículo de comunicação se propõe a seguir determinada linha editorial como um “caça às bruxas”, a função social deste jornal é nula. Assim como usar o veículo para promoção pessoal, de amigos, ou patrocinadores. O jornal que se propõe a ser usado como “carro eleitoreiro” nada tem de instrumento social.
Jornal não é panfleto político
Sobre as características de um jornal, Gerson Luiz Martins , em seu artigo publicado 12 de junho de 2012 no site Observatório da Imprensa , explica que muitos jornais atuais atuam mais como panfletos políticos, pois atuam com textos publicitários, opinativos e doutrinários, que fogem totalmente dos objetivos do jornalismo.
No artigo, o autor, ironicamente, comenta que os leitores dessas veículos utilizam o jornal mais como “aparato sanitário de cães e gatos” do que fonte de informação. Esses panfletos, de acordo com o autor, acabam circulando com matérias envelhecidas, matérias frias, são distribuídas de forma precária e alguns desses jornais, sequer possuem jornalistas formados em seus quadros. Como veremos mais para frente, características que recaem muito bem nos jornais da cidade do Guarujá.
O jornal, quando comprometido em informar, também exerce um importante papel para o desenvolvimento da democracia. Pois a democracia não se resume a eleições diretas e indiretas. Franklin Martins explica como o jornalismo tem a ver com a democracia (2011, p.26).
"Implica também o aumento do espírito crítico e maior interferência da sociedade em todos os espaços públicos e de formação da opinião pública. A imprensa é um deles, talvez o mais importante deles.
O resultado é que (...)as decisões editoriais são tomadas, cada vez mais, levando em conta critérios jornalísticos".
Portanto, para que um jornal exerça o papel social que dele se espera, deve fugir de práticas doutrinárias manipuladoras. E seus profissionais devem zelar pela imparcialidade para, não apenas informar, mas levar entendimento ao leitor.
Anabela Gradim aborda o assunto revelando que não é papel do jornalista selecionar arbitrariamente a informação a ser dada(2000,p33).
"O jornalista não é uma vivandeira que espalha boatos e devassa a intimidade e privacidade das figuras públicas; não trafica influências; não paga nem presta favores; não promove nem desfaz a imagem de ninguém; não ameaça; não dá recados; não trai a confiança dos leitores ou das fontes; não se arvora juiz ou autoridade moral das questões quando relata factos. Limitar-se-á a relatá-los".
Por hoje é só. Recomendo a leitura das obras citadas no texto e também dos livros:
Ética no jornalismo
Ética, Jornalismo e Nova Mídia
A arte de fazer um jornal diário
Assinar:
Postagens (Atom)
Você também vai gostar de ler
Posts indicados