quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Marketing político na época da ditadura

Você deve estar se perguntando "como assim?" Afinal, naquela época não foram realizadas eleições diretas e os presidentes não precisavam realizar campanhas eleitorais. Isso não significa que não houve estratégia de marketing político. Castello Branco e Médici utilizaram algumas estratégias de marketing que, como vamos ver, estão sendo praticada ainda hoje. Principalmente ao que refere-se aos esportes. 

Dando sequência às análises sobre o marketing político através da história do Brasil, hoje vou comentar sobre os presidentes Castello Branco e Emílio Médici.

Castello Branco
Vamos começar por Castello Branco - ou Castelo, encontro referências com as duas grafias, sendo que as fontes mais confiáveis grafam com dois eles - que deu início ao regime militar instaurado no Brasil. O presidente foi eleito sem que uma eleição oficial tivesse ocorrido, mas as fontes apontam para um quadro no qual o presidente concorreu com mais dois candidatos e obteve mais de 98% dos votos, em eleições indiretas.

Basicamente a postura de Castelo Branco foi mostrar ordem no país através do regime militar. Até aí nada de inovador, mas uma estratégia utilizada por ele que ainda é feita até os dias de hoje, foi conquistar personagens da mídia. Desta forma o presidente mantinha-se em evidência e demonstrava aproximação com o povo. Hoje essa estratégia é promovida por partidos políticos que recrutam personagens populares para tentar conquistar algum espaço. Além disso, o conceito de eleições proporcionais incentivam os partidos a este tipo de estratégia.

Hoje em dia é comum políticos de cargos eletivos tentarem passar uma imagem de popular e simples participando de programas de entrevista, cumprimentando artistas, comparecendo em eventos e shows - principalmente deputados e vereadores. Foi com a aproximação da mídia que ele conseguiu apoio da Rede Globo ao regime militar.

Em outra postagem sobre ele, já mencionei algumas informações adicionais. Para ler CLIQUE AQUI.

Médici
Já o presidente Emílio Médici utilizou mais ferramentas para passar a sensação de estar comandando o país ao progresso. Seus discursos nacionalistas eram sua marca. Ainda hoje é comum vermos candidatos com este tipo de discurso. Dizendo que tudo está bom, tudo está ótimo, discursos que só faltam dizer que o Brasil é a maior potência mundial. Aliás, não apenas discursos presidenciais, mais de governadores e prefeitos seguem este tom.

Por fim, o melhor. O presidente utilizava o futebol e, principalmente, a seleção brasileira como análogo do sucesso do Brasil Isso te parece familiar? Se hoje temos pessoas que utilizam a Copa do Mundo e as Olimpíadas para se promover, na ditadura o mesmo ocorria. O sucesso nos esportes era enfatizando como reflexo do sucesso do país em todos os setores.

Considerações finais
Como podemos ver, mesmo em épocas sem eleições diretas, os presidentes utilizavam recursos que ainda hoje são empregados no marketing político. Não estou aqui julgando ser correto ou errado. Não é esta a função deste texto, mas mostrar que existem muito mais nas entrelinhas que percebemos em um olhar inicial.


Políticos usarem figuras públicas para se promoverem e associar o sucesso do esporte ao sucesso da nação já eram estratégias do tempo da ditadura, que hoje continuam sendo utilizadas. Os discursos políticos modernos ainda resgatem modelos antigos para conseguir seus votos e passar ao povo a ideia de nação (esta ou município, que seja) forte. Como a história comprova, neste caso, o sucesso se repete e quanto isso permanecer estas estratégias serão utilizadas.

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