terça-feira, 24 de setembro de 2013

Melhores filmes e seriados sobre jornalismo

Tenho que dizer que não assisti tantos filmes sobre jornalismo quanto gostaria. Fiz uma lista com apenas cinco filmes legais. Por incrível que pareça, me lembrei mais de seriados que assisti e gostei, por isso, completei a lista com alguns seriados. São filmes e seriados que valem a pena investir um tempinho para ver.

Como estou muito tempo sem postar nada, decidi escrever um post mais light. Como eu disse, não tenho uma longa lista para oferecer, se você quiser recomendar algum filme, ou seriado, fique à vontade. Outro detalhe é que não sou especialista em cinemas, então não vou ficar falando de atuação, fotografia... Vou começar pelos filmes. Confira meu Top 5.

5. O âncora
Pode não ser um filme genial, mas como adoro comédia e o ator Will Ferrel, este foi o primeiro filme que me veio à cabeça quando decidi fazer esta lista. O filme retrata um vaidoso apresentador de um telejornal que fica com inveja quando uma mulher o substitui e começa a fazer mais sucesso, decidindo fazer notícias mais relevantes. Pode parecer bobo, mas é interessante porque mostra o ego do jornalista. Bom para combater a tentação de o jornalista se sobressair sobre a própria notícia.


Um dos clássicos mais conhecidos na história da televisão. Assisti este filme há anos e nem me lembrava de muita coisa. Mas é um filme bem legal que retrata a vida de um magnata do jornalismo que antes de morrer diz a palavra 'Rosebud' (a mesma palavra usada no jogo The Sims para ganhar dinheiro facilmente). Um jornalista tenta descobrir o que isso significaria.


A velha questão sobre liberdade editorial é colocada neste filme. A ideologia de uma redação independente de pressões externas é muito bem abordada aqui.


Eu adorei este filme porque mostra uma antiga questão polêmica sobre a profissão: o que é mais importante, experiência ou formação teórica? Um experiente jornalista, de uma grande redação, fica com aquela dor de cotovelo ao ver uma professora ensinando jornalismo em um curso. A professora, por sua vez, defende que o conhecimento na sala de aula vai preparar melhor aquelas pessoas para iniciar a carreira jornalística.


Um excelente filme sobre um dos, se não 'o', casos mais importantes da história da profissão. O caso Watergate foi muito bem retratado e achei o filme bem legal. é um filme obrigatório para todo estudante de jornalismo.


Seriados
Alguns bons seriados que abordam o jornalismo e valem uma busca pela internet. Alguns programas, como 30 Rock, que abordam mais o funcionamento de uma rede de TV do que propriamente do jornalismo foram deixadas de lado.

Este seriado, vencedor de um Emmy, é exclusividade para assinantes Netflix. O foco maior é na política, mas achei interessante o papel de uma repórter na trama. A jornalista, sem perceber, acaba sendo manipulada por um político, que acaba utilizando a vaidade e ganância da jovem jornalista para fazer o que lhe é mais aceitável.


Este seriado passa na HBO e mostra de forma inteligente e bem real o cotidiano de uma redação. O seriado resgate um pouco da credibilidade norte-americana, que vem caindo em desmérito há anos.


Acompanhei este seriado de comédia nos anos 90, pela Sony. Mostra a rotina de uma repórter que mudou de tablóide e levou para sua equipe dois colegas de trabalho. Ainda apresenta uma visão nostálgica do trabalho jornalístico, numa época que pouco se usava internet e celulares.

2. Murphy Brown
Este era um dos meus seriados favoritos. Lembro até que passava às sextas-feiras, se não me engano, depois mudou para às quintas. A personagem principal trabalha como âncora e mostra de uma forma bem divertida a rotina de um programa jornalístico de tv. A atriz principal, Candice Bergen, ganhou cinco Emmys neste trabalho.



Um dos melhores seriados que eu já vi na minha vida. Aqui, estamos falando de um seriado que mostra a rotina de uma rádio. Tem o locutor arrogante, a locutora 'política' e o empresário excêntrico. Lembro de um episódeo no qual o dono da rádio finge que vai dar a volta oa mundo de balão, mas é tudo filmado. Bem típico desses milhonários que não sabem como gastar dinheiro e ainda aparecer na mídia. Muito bom.


Mesmo quem não tem interesse pela área, pode assitir este filmes e séries. São produções muito boas, com personagens marcantes e histórias bem criativas.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Características de uma notícia

Já falei um pouco sobre o que é necessário para se tornar jornalista. Hoje vamos dar continuidade ao assunto falando sobre os critérios de noticiabilidade. Como podemos identificar uma informação como de interesse jornalístico de outra que não seja.

Como vimos no texto passado, um dos primeiros passos para o estudante de jornalismo, ou foca (jornalista novato) é saber identificar a informação dura e a mole. Isso é muito importante, pois por mais interessante que uma informação possa ser, se for ‘mole’, não há como torná-la pública. Não é função do jornalista espalhar boatos.

Existe uma série de características que tornam uma informação em notícia. Claro que no dia a dia ninguém fica com uma listinha checando item por item, mas com esse conhecimento fica mais fácil tomar decisões rápidas e assertivas.

Captando informações
Como já escrevi, toda informação precisa ter uma fonte. Seja uma declaração, uma entrevista, dados estatísticos, análises técnicas ou documentos. Nunca uma matéria pode ser publicada no ‘achismo’. “Se continuar jogando mal como ontem, o Brasil não terá a mínima chance de conquistar a Copa do Mundo”. Isso não é matéria jornalística. Pode ser uma coluna ou artigo, mas não matéria.

Os critérios de noticiabilidade podem sofrer leves diferenças de jornal para jornal, conforme sua linha editorial, mas o padrão é praticamente o mesmo.

Proximidade
Uma notícia é mais interessante quando existe maior proximidade com o público leitor. Para quem mora em Brotas, um acidente de carro na China, não é tão interessante quanto um acidente de carro em Brotas.
Certa vez, trabalhando numa rádio comunitária, tentei explicar isso para a proprietária, mas ela não achou certo. Claro! Ela não era jornalista. O resultado foi um trabalho desinteressante onde só repetíamos o que todo mundo já sabia. Não havia ‘furo’ porque é impossível dar uma novidade nacional em um veículo local. Se tivéssemos priorizado as notícias locais, poderíamos desenvolver uma programação dinâmica com entrevistas, debates e mesas redondas. Mas mantemos uma programação de ‘papagaio’ em nome da notícia nacional.

Um acidente aéreo no Japão, então, não é importante? Evidente que sim, mas as informações equivalentes são ‘desempatadas’ no fator proximidade.

Outro exemplo. Certamente, um carioca apaixonado pelo futebol vibra mais com os jogos do Campeonato Brasileiro do que com os jogos da Champions League da Europa, embora o torneio europeu seja mais prestigiado. Isso porque você vive no Brasil.

Atualidade
Acho que aqui as coisas são mais fáceis de entender. Quanto mais atual uma informação, mas interessante ela é. No entanto, é preciso uma observação. Uma descoberta recente sobre um acontecimento mais antigo entra no critério de notícia atual. Por exemplo, cobrir uma descoberta de documentos sobre o regime militar brasileiro na década de 70 é importante porque traz novas informações, até então desconhecidas. Se descobrirem um dinossauro no centro de São Paulo terá grande impacto noticioso. Em alguns casos, o importante é quando a informação veio à tona e não quando ela ocorreu.

Outro exemplo. Se foi descoberto que os dinossauros na verdade tinham seis patas, a informação é bem interessante e deve ser publicada, pois é uma informação nova.

Sujeitos envolvidos
Aqui estamos falando de proeminência social. A presença do prefeito em uma reunião é mais importante que a presença da maioria ali, inclusive a sua. Um astro do rock morto em um acidente de carro é mais noticioso que a morte de um desconhecido.

Isso também é fácil de perceber quando atores e atletas são assaltados. Na Virada Cultural deste ano, por exemplo, foi roubada a carteira do Eduardo Suplicy. O caso foi anunciado no palco, e logo a carteira foi devolvida. Se fosse comigo, ou contigo, aconteceria o mesmo? Evidente que não.

Casamentos, separações e traições de famosos é outra forma fácil de percebermos isso.

Pode-se dizer que este critério também é muito utilizado para nações e cidades. Assassinatos nos Estados Unidos são notícias com mais frequência que os ocorridos na índia ou Austrália.

Imprevisibilidade e negatividade
Quanto mais fora do comum um fato, maiores suas chances de se tornar notícia. É só lembrar daquelas matérias do Jornal Hoje: urso panda nascendo, astro do rock que cozinha nas horas vagas, malabarista que virou prefeito. Como diria ‘o outro’, um homem puxando um cachorro pela coleira não é notícia, mas um cachorro puxando um homem pela coleira é.

Gostando ou não os fatos negativos sempre são tratados com certa prioridade nas redações. A queda de um ministro será mais noticiado que sua nomeação. Quanto mais um acontecimento se desvia do comportamento padrão, maior a possibilidade de se tornar notícia.

Continuidade
O desenvolvimento das informações, suas desdobras, é notícia também. Se você anuncia um jogo que acontece nesta noite, seria sensato anunciar no dia seguinte o resultado.

Logística
Pode parecer bobo, mas é verdade. Quanto mais fácil de cobrir uma notícia, mas provável que ela seja realizada. Já cansei de ver pautas caindo por falta de carro ou de fotógrafo. Se for para a TV então.
Notícias mais fáceis de serem produzidas normalmente ganham a preferência nas pautas.


Basicamente, com esses critérios, podemos começar a entender o que pode tornar um fato notícia ou não. Estes critérios também podem ser chamados de ‘valor-notícia’. Alguns autores preferem este termo.
Para terminar, gostaria de mencionar que Van Dijk enumera a questão ‘valor notícia’ da seguinte forma:
1) novidade;
2) atualidade;
3) pressuposição (a avaliação da novidade e atualidade pressupõe conhecimentos prévios; além disso, segundo o autor, os  acontecimentos e os discursos só seriam perceptíveis mediante o recurso a informação passada);
4) consonância com normas, valores e atitudes compartilhadas;
5) relevância (para quem recebe a informação);
6) proximidade (geográfica, social e psicoafetiva)
7) desvio e negatividade (psicanaliticamente, a atenção ao crime, aos acidentes, à violência, etc., funciona como um sistema emocional de autodefesa: ao contemplarem-se expressões dos nossos próprios temores, o fato de serem outros a sofrer com as situações proporcionar-nos-ia tanto alivio como tensão).

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Conceitos básicos para quem deseja ser jornalista

Ao iniciar uma faculdade (curso, em Portugal) de jornalismo muitos estudantes não tê
m a visão exata do real papel do jornal e dos profissionais que o constrói. Hoje, a maioria que procura esta faculdade é formada por moças que querem ser repórter de tv. Uma outra parte, de meninos que querem ser jornalista esportivo.

Isso mostra, na minha opinião, como os jovens não são bem informados sobre as possibilidades e responsabilidades desta profissão. Na verdade, muitos iniciam a faculdade justamente caminhando contra a ética da profissão. Buscam fama e reconhecimento ao invés de informar e realizar seu papel social.

Lembro-me que ao cursar a faculdade de jornalismo, minha 'ficha só caiu' no último ano.  Seria como o 'médico filho de médico que faz medicina' porque sabe que não lhe faltará emprego e ainda ganhará um bom salário (sei que no setor público o salário do médico é 'vergonhoso', mas ainda assim é acima da média das demais profissões). Seria confortável cursar medicina para ter estabilidade financeira e não se importar com o real sentido da profissão.

Já fiz um texto falando superficialmente do papel social do jornal e do jornalista, hoje quero escrever um texto mais voltado aos que estão iniciando o curso, ou pretendem cursá-lo.

Noções Básicas
Imagine-se (se você ou pretende ser jornalista) como um defensor dos direitos humanos. É seu dever dar voz aos que não a têm. Defender a universalidade dos direitos humanos. Entrar na profissão para se tornar mais um 'rostinho bonito na tv' ou pra ficar analisando e falando do Neymar, Barcelona ou Brasileirão é uma afronta à própria profissão. A democracia deve ser buscada por prioridade.

'Puxa, então você acha que os jornalistas esportivos são inúteis, e o jornalismo de moda, ou entretenimento são puro lixo?'. Claro que não. Mas os conceitos básicos da profissão são os mesmos. É preciso denunciar os absurdos em favor da Copa e Olimpíadas no Brasil, ou em épocas de ditadura, por exemplo. É mais importante denunciar as famílias 'arrancadas' de suas moradias que se empolgar com a conquista da Copa das Confederações.

Não acredito que nasçam bons jornalistas sem 'pisar na lama'. É preciso entrar nas favelas, entrevistar pessoas 'socialmente excluídas'. Desde a faculdade o gosto pela busca da real democracia deve ser exercitada.

Infelizmente, no exercício da profissão dificilmente teremos a oportunidade de manter 'essa pegada', mas é preciso desenvolvê-la para não nos tornarmos simples conformados. 'O jornal onde trabalho tem anúncio da prefeitura', 'não tenho autonomia para pautar matérias', 'trabalho no Diário Oficial, como vou dar voz aos injustiçados?'. 'Sou apenas um assessor'. Se você se conformar com suas delimitações, seria melhor que não exercesse a profissão.

Desde o início, seja qual for a posição editorial (política) do veículo que trabalha, ou editoria, sempre imagine como deixar seu material mais democrático.

Falar de ética seria muito amplo. Uma boa leitura sobre o assunto seria o livro 'Jornalismo Público', de Danilo Ruthberg. Eu tenho este livro e recomendo. Quero escrever um pouco sobre noções básicas para exercer a função jornalística.

Duro ou mole?
No último post falei sobre algumas pistas que você pode ter para saber se realmente esta é a profissão para você. Agora, imagino uma situação na qual você possa aprofundar um pouco os conhecimentos sobre o texto jornalístico.

Há muita coisa para aprender. Vou começar com o informação 'dura ou mole'. Um dos conceitos básicos do jornalismo. É realmente fácil de entender.

Quanto mais próximo de um boato, mas 'mole' é a informação. Por outro lado, quanto mais concreta e embasada uma informação,  mais 'dura'. Por isso, evite dados, informações e números que você não consegue identificar a origem (fonte).

Dizer que 'a população aprovou a reforma' é totalmente mole se você não tiver a declaração de um, dois, ou até mais, morador confirmando isso. Escrever que os políticos estão em descrédito é inviável se não houver uma pesquisa com um número de entrevistados considerável.

Uma boa forma de aprender essa diferença de 'duro e mole' é a seguinte: imagine que você pode ser processado por cada informação incorreta. Com certeza você vai pensar 234 mil vezes antes de escrever que 'o juíz Fulano de Tal é homossexual'. Mesmo com dados menos comprometedores, como 'azul é a cor preferida dos meninos', imagine que se você não tiver um respaldo, vai ganhar um 'belo' processo.

Assim, toda vez que você apresentar uma informação, vai buscar a origem dela. Por isso, quando há pesquisas, por exemplo, se divulga 'Fonte: Ibge', ou escrevemos 'segundo Fulano de Tal', 'Cicrano acha que a presidente errou ao tomar tal decisão'.

Notícias, excluindo pequenas notas, são sempre baseadas em estatísticas e entrevistas. Escrever que fulano está triste ou alegre sem que ela diga, por exemplo, deve ser evitado. Por isso, ouvimos e lemos muito a expressão 'visivelmente abalada', ou transtornado, ou 'mostrou irritação'.

Com a prática o conceito de 'duro e mole' é melhor assimilado, mas acho que deu para entender o que significa.

Se você já foi dar depoimento na delegacia como testemunha, sabe que se você falar 'eu acho que motoqueiro estava errado', vai tomar 'um fora' do delegado. Ele provavelmente dirá 'não quero saber o que você acha, quero saber o que você viu'. É mais ou menos isso que o jornalista faz. Não interessa o que você acha, e sim o que é concreto, real.

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