segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Evolução do marketing político. Parte 01

Falar de estratégia de marketing em campanhas eleitorais sempre levanta pontos interessantes e curiosos. No ano passado vivenciamos as eleições municipais e pensei em postar alguns textos sobre o assunto. O tempo passou rápido e outros assuntos me vieram à mente.

A partir de hoje, pretendo colocar alguns textos que possam mostrar como o marketing político, ou eleitoral, evoluiu no Brasil no decorrer dos anos,chegando ao nível que se encontra hoje. É evidente que as campanhas publicitárias em termos políticos no país ainda são fracas. Nada a ver com o nível publicitário do Brasil em geral. Se somos um país respeitável na área publicitária, não podemos dizer o mesmo quando falamos de marketing político. Ainda precisamos evoluir bastante, mas se comparado com campanhas anteriores, percebemos que estamos melhorando a um bom ritmo.

1884: Prudente de Morais
Podemos dizer que o terceiro presidente do Brasil foi quem deu o pontapé inicial no conceito de marketing político no Brasil.

Uma de suas ideias iniciais foi usar jornais para alcançar a população e mostrar aos eleitores seu trabalho já desenvolvido como "presidente de São Paulo" (governador da época). Até aí, nada de mais.

Uma das grandes sacadas de Prudente foi elaborar cartões de boas festas de fim de ano e distribuir para os eleitores. Além disso, também usava o telégrafo e uma lista de eleitores para se aproximar do eleitorado. Em 2012, alguns políticos ainda usaram a estratégia de ligar para os eleitores.

O grande trunfo de Prudente eram suas obras. Conhecido por grandes obras, apoiava-se nessas construções realizadas em São Paulo, em especial Piracicaba onde começou sua caminha política, para passar a imagem de um político inovador. Se oferecesse um Big Mac na campanha, diria que foi o ídolo de Paulo Maluf. Segue exemplo de um texto escrito por ele, pedindo verbas para suas obras. O texto é de 1865 e retirado de trabalho realizado por Adolpho Queiroz e Maurício G. Romanini, no Primeiro Congresso Nacional da Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação e Política.

As estradas que partem desta Cidade para Campinas, Capivary e outras localidades, exigem promptos reparos, visto que até algumas pontes e pontilhões estão arruinados e outros cairão, como acontece com a ponte sobre o ribeirão do Toledo na estrada d’esta cidade a de Campinas, e havendo no orçamento provincial verbas decretadas para essas estradas por isso esta Câmara roga a V. Exa. (...).

Ações de comunicação
Com apresentações frequentes, sabia ser carismático para atrair eleitores. Além disso, sempre que possível visitavas inúmeras cidades à cavalo. Poucos políticos tinham essa disposição para visitar cidades à cavalo. Isso lhe rendeu uma imagem de político preocupado com o país e com as cidades além das capitais.

Prudente de Morais organizava seus discursos e todas as palavras eram medidas, passando a imagem de um político sério e ético. Passava valores de ética e ressaltava suas metas cumpridas e compromissos assumidos. Sempre discursava com garra e emoção, comovendo os espectadores.

Também contou como trunfo o apoio internacional e o uso da contrapropaganda. Como presidente enfrentou alguns problemas, mas com um discurso bem elaborado, conseguia manter boas relações com os eleitores e com a imprensa na época.

Assim o marketing político dava seus primeiros passos no país. Nos próximos posts voltaremos ao assunto.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Jornalismo declaratório. Puro fracasso

Entende-se por jornalismo declaratório, a produção de uma matéria baseada em declarações. Entrevista com as partes envolvidas. Para um leigo, ouvir os dois (ou mais, se houver) lados basta para se fazer jornalismo.

Se você é estudante ou está nos primeiros passos da profissão de jornalismo, tente fugir deste pseudojornalismo.

Um trabalho que se resume em divulgar as partes envolvidas e suas declarações e posições não pode, e não deve, ser dito como um trabalho profissional.

Este trabalho surge, basicamente por causa de dois elementos fundamentais que não são conciliados no jornalismo moderno.

1. Necessidade de se cumprir uma função social e de retratar uma realidade.
2. Limites das redações e veículos na produção e investigação de notícias. Basicamente, falta de tempo para melhor apuração e pressa em publicar algo novo.

No fim das contas o jornalismo atual, devido à pressão por novas matérias a cada instante e equipes relativamente pequenas, não consegue cumprir o papel social de investigar a fundo suas matérias, mas precisa divulgar alguma coisa para mostrar "trabalho".

Por fim, para desencargo de consciência, ouve-se dois ou três personagens e se publica algo. Muitas vezes, sem, se quer, checar a veracidade dos fatos.

Para @Orlando Tambosi, jornalista catarinense, "Por um lado, quanto mais declaratório for o jornalismo, quanto mais depender exclusivamente de fontes, mais difícil será sustentar que seja uma forma de conhecimento autônoma. [...] Em resumo, o jornalismo declaratório produz informações, mas é difícil saber se são verdadeiras, por mais ‘checadas’ que sejam e por mais críveis e honestas que sejam as fontes. Pode por isso induzir a crenças falsas. Nesse sentido, não produz conhecimento".

Jornalismo declaratório e dossiês
Trata-se de um trabalho forjado para fingir imparcialidade. Ao invés de se produzir um material de investigação, baseado em fatos, descobertas e documentações legítimas, produz-se dossiês.

O problemas é que estes dossiês são produzidos por pessoas ou grupos de pessoas com um interesse em comum. Este a tendência deliberada de atingir alguém, ou alguma instituição.

Vale ressaltar que receber o material, os dossiês, não é errado, mas publicá-lo como se fosse o produto de uma investigação jornalística é totalmente fora de ética.

O trabalho do jornalista é coletar dados e entrevistas, deixando bem claro os contextos nos quais foram colhidos sem deixar a impressão que um material colhido de uma fonte tenha sido fruto de investigação do próprio jornalista, ou veículo.

Portanto, tomemos cuidado para não nos acomodarmos e usarmos como desculpa a pressa ou falta de tempo para publicarmos declarações como fruto de matéria de investigação e apuração.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Diferença entre charge, caricatura e cartoon

Uma dúvida comum para quem inicia um trabalho de edição é identificar a diferença entre charge, cartoon e caricatura. Se as palavras podem ser sinônimas, na verdade, guardam pequenas diferenças que é importante o profissional da área de comunicação saber, principalmente quando trabalha em um veículo impresso.

Podemos nos complicar ao tentar titular, ou definir uma ilustração como caricatura, charge ou cartoon. Uma falta de conhecimento do assunto pode acabar culminando com um desastre. Por isso, achei interessante uma rápida pincelada sobre o assunto.

Charge
De origem francesa, o termo charge significa fazer carga, exagerar ou atacar violentamente. Sabendo disso, podemos identificar mais facilmente um trabalho de charge.

Por meio de caricaturas, a charge é uma forma de satirizar um acontecimento atual. Vale ressaltar que não basta ser um desenho, ou montagem, engraçado para definirmos um trabalho como charge. É preciso um cunho de crítica, principalmente política, aos acontecimentos cotidianos.

O importante da charge é que não é preciso uma leitura tão inteligente. Basta estar por dentro do que ocorre na atualidade para se divertir com o trabalho.

Pelo cunho político e de críticas, normalmente, em eras de ditadura e censura, as primeiras colunas a serem retiradas dos jornais são as charges.

Cartoon
Há quem acredite que o termo cartoon vem do inglês, mas na verdade este deriva do italiano 'cartone' que significa cartão.

Os cartoons são muito similares às charges, podemos identificar como principal diferença o fato de os cartoons tratarem os assuntos mais corriqueiros.

Podemos identificar um cartoon por que ele não trata de assuntos atuais. Normalmente, são assuntos mais universais e até atemporais.

Realmente é uma diferença muito pequena. Muitas vezes, só o tempo de trabalho e pesquisas em edições mais antigas e de outros jornais poderão nos dar mais certeza se estamos lidando com um cartoon ou uma charge.

Caricatura
Também de origem italiana, significa carregar e é isso que os desenhistas fazem nesta técnica.

Este é o mais simples de se identificar.São desenhos de personalidades, o não, de traços exagerados.

O maior objetivo das caricaturas é ressaltar alguns pontos salientes da pessoas para deixar uma desenho único, mas que podemos facilmente identificar sobre quem se desenha.

Normalmente, a caricatura é o maior destaque do desenho, o que o personagem faz, onde está ou a situação na qual se encontra são detalhes sem tanta importância se comparada ao personagem em si.

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