segunda-feira, 17 de junho de 2013

Jornalista narra a história, não a constrói

Na última semana li um excelente texto de Carlos Alberto di Franco, no qual menciona Carl Bernstein, para levantar uma importante questão do jornalismo. A profissão exige que o jornalista narre os fatos, aponte os diferentes pontos de vista, não cabe a ele construir a história, ainda que usando subterfúgios linguísticos, narrativos ou mascarando sua opinião pessoal com informações, declarações inexpressivas, e até levantando polêmica para se dizer incisivo.

Se, por um lado, critica-se o político manipulador, muito jornalista entra no jogo do 'faz de conta que sou neutro' para manipular a opinião do leitor, embaçar a vista, omitindo fatos, informações e ressaltando o que lhe apraz.

A 'ficção da imparcialidade' normalmente é feita com aspas do prejudicado, por falta de uma pergunta inteligente, ou esclarecedora. Em épocas eleitorais, então...

Escrever um texto sem que interesses exterior o influenciem, pode ser menos difícil que escrever um texto
sem deixar os interesses internos prevalecerem. O interesse do próprio jornalista acaba prevalecendo sobre o interesse social.

Como o texto diz, reconhecer o erro de grafia ou de uma vírgula mal colocada é fácil, difícil é reconhecer os erros éticos.

Os jornais continuam não sendo um espelho da sociedade. Em minha cidade, Guarujá, por exemplo, isso é bem claro. Verdadeiros boletins políticos são distribuídos na faceta de jornais, alguns deles sem jornalista responsável, inclusive. Mesmo em veículos mais importantes do país, a prática existe, prejudicando a democracia.

Fácil é apontar um político defender seus interesses, enquanto
a grande imprensa, com o poder do conhecimento das palavras, ludibria de forma menos visível.

Aos profissionais e estudantes de jornalismo cabe vigiar-se e ter humildade de cumprir com ética o que se espera dele. Quando o escritor tem a capacidade de comercializar sorrateiramente sua opinião no texto, influenciando opinião pública, mas prefere assim não proceder, mostra-se digno da profissão que exerce.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

O nascer do ‘jornalismo colorido’

Depois dos sucessos da imprensa marrom (ou amarelo, como é chamado nos EUA) e do jornalismo Rosa, a tendência agora é o jornalismo 'colorido', voltado para o público GLBTT.

Não é de hoje que se fala em diversidade sexual, igualdade de direitos e outros assuntos sobre o tema, mas é certo que nesta década (pós 2010) os gays (homossexuais ou como prefira) são ‘a bola da vez’. Estão mais em pauta que nunca. Já fiz algumas matérias sobre.

Mostrar seus interesses, lutas e conflitos é o’hit’. Se um gay se diz discriminado, pronto: é capa. A passeata gay em São Paulo tem espaço reservado nos grandes veículos do país, ainda que tenha passado de um movimento político, para uma grande festa, mais um carnaval.

Como seria um caderno ‘colorido’
Logo, haverá cadernos e editorias ‘coloridas’ periódicas? A crescente demanda sobre o assunto me leva a crer que isso acontece ainda nesta década. Em pelo menos um ou dois, grandes veículos.

O que seria pauta no jornalismo colorido? A passeata anual com certeza. Assuntos jurídicos e de polícia, certamente.

Decoração, culinária e arte? Ou seria criar um estereótipo. Não entendo do assunto, talvez alguns amigos possam dar suas opiniões.

domingo, 26 de maio de 2013

Kubistchek ensinou muito sobre marketing político

Material promocional, simpatia, comitês femininos e elaboração da 'marca' JK. Esses foram algumas das estratégias utilizadas por Juscelino Kubistchek na campanha eleitoral de 56, para muitos estudiosos, a campanha de JK foi um grande marco no marketing político do país. De fato, como veremos, ainda hoje suas estratégias são utilizadas.

Antes, gostaria de lembrar que já foram postados textos sobre as campanhas de Castelo Branco, Getúlio Vargas, Campos Salles e Prudente de Moraes. São textos leves, apenas para tratar o assunto de forma mais superficial.

A campanha de JK começou com uma promessa e uma marca política, quase do acaso. Enquanto discursava em uma cidade do interior de Goiás, prometeu construir Brasília, mas também prometera cumprir  a Constituição na íntegra, à risca. Um dos jornalistas juntou as peças e perguntou se ele estava disposto a mudar a capital do país para o interior - na época Rio de Janeiro era a capital do país. Juscelino refletiu por alguns segundos e disse "Cumprirei na íntegra a Constituição". Estava feita a promessa de campanha.

Adotou inúmeros bordões, chavões, slogans. O mais conhecido foi '50 anos em '5, prometendo que o Brasil  cresceria economicamente o equivalente a 50 anos, durante seu mandato. Também era comum falar em 'novos rumos para o Brasil'. Além, é claro, do codinome JK e do apelido 'peixe vivo'.

Material
Assim como seu antecessor, utilizou amplo material como folder, faixas, cartazes, santinhos e um folheto, simulando o papel que seria utilizado nas eleições, no qual ele ensinava as pessoas a votar.

Outra ação bem moderna foi a utilização de releases para jornais, rádio e tv.

Teve forte apoio das mídias da capital mineira e mantinha boa relação com jornalistas. Era constantemente convidado para programas e debates.

Ações
Uma das ações iniciais foi visitar o antigo presidente Venceslau Brás para pedir apoio. E conseguiu.

Criou o comitê feminino liderado por sua esposa. Interagia com a população, sempre simpático e criou o plano de metas, assim deixava bem claro suas propostas, e a população comprou a ideia.

Uma ideia inovadora foi a realização da campanha com dinheiro arrecadado. Criou o 'bônus' da vitória, incentivando a população a contribuir com sua campanha.

Assim como a atual presidenta Dilma, sempre era acompanhado pelo presidente em exercício, na época Getúlio Vargas. Outra iniciativa muito usada até os dias de hoje foi a utilização de músicas.

Essas foram as principais armas usadas por JK em sua campanha. Na próxima redação sobre o assunto, pretendo falar da campanha de Jânio Quadros, igualmente, genial.

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