Há quem condene o uso das redes sociais e suas influências em nosso cotidiano. Há quem defenda as redes sociais como uma revolução na sociedade moderna e diz que não consegue viver sem. Para mim não é se trata de ser ruim ou boa, mas saber usar. No entanto, ainda não há ninguém que saiba usar. Assim como a TV, outrora, passou pelos mesmos questionamentos e debates, hoje o foco são as redes sociais. Posso também citar o vídeo game e até medicamentos e muitas outras invenções que enfrentaram, acertadamente, a desconfiança nos primeiros anos de vida. Com o passar do tempo aprendemos como usá-los, seus limites e efeitos colaterais.
O diferencial das redes sociais é que vivemos em uma era mais globalizada, na qual as novidades se popularizam rapidamente. Ao estudarmos a história da TV, por exemplo, vemos que da sua invenção até sua popularização, longos anos se passaram. Com as redes sociais é bem diferente. Em um ou dois anos, uma rede nova passa de desconhecida para uma rede de milhão de usuários. Isso para não mencionar jogos, sites ou aplicativos que ganham milhões de usuários em meses.
Comparando com a própria internet, as redes sociais apresentam um crescimento de números de usuários em tempo inimagináveis há 30 ou 20 anos. Se a própria TV apresentasse números parecidos na época que surgiu, seria um acontecimento fenomenal.
Há quem culpe o uso excessivo das redes sociais por problemas de socialização de jovens e crianças. Sabemos, também que existem problemas de segurança, ataques virtuais, uso indiscriminado durante o horário de trabalho e nas escolas, disseminação veloz de informações falas e muitos outros problemas causados pelas redes sociais. Seriam essas acusações suficientes para decretarmos as redes sociais como o mal do século?
Por outro lado, podemos usar as redes sociais para mantermos contato com familiares, amigos, nos comunicarmos de forma rápida. Há quem não consiga se imaginar sem as redes sociais, o que pode ser um exagero para alguns é vital para outros.
Ninguém pode ensinar a usar as redes sociais
Meus pais não me ensinaram a usar as redes sociais. Eu, se tivesse filhos, no auge de meus trinta e poucos anos, também não saberia ensiná-los. Minha infância foi bem diferente. Claro que na minha opinião não faz sentido um adolescente ficar 'grudado' em seu celular no ônibus, na praça de alimentação, na praia... Mas isso não significa que estão 'perdendo' a infância. No ponto de vista desta geração as redes sociais não são separadas da vida social, como nós, mais velhos, separamos.
Muitas teorias da comunicação foram desenvolvidas ao longo da história. Algumas delas analisavam as mídias como aparelhos de manipulação infalíveis, como na teoria da agulha hipodérmica e outros estudos americanos.
Naquela época, acreditava-se que a TV poderia manipular as pessoas, que agiriam sem resistências. Hoje, sabemos que, obviamente, não é assim.
Da mesma forma, hoje, no meu ponto de vista, ainda traçamos teorias 'apocalípticas' sobre as redes sociais porque ela, a rede, é algo novo. Conforme estudos e pesquisas sobre os efeitos das redes sociais surjam, saberemos com mais clareza seus efeitos, tanto negativos como positivos.
Já começamos a entender, por exemplo, que o ciberespaço favorece a inteligência coletiva, o que é sabidamente positivo para a sociedade.
Além disso, em vinte anos - pode parecer muito para o mundo moderno, mas não em termos de geração - certamente saberemos lidar melhor com essa 'novidade'.
Por isso, quando me perguntam se acho que o uso das redes sociais é bom ou ruim, digo: "ambos".
quinta-feira, 5 de junho de 2014
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Estrutura de uma notícia
Já escrevi um post sobre o que é notícia, neste texto vamos identificar os elementos que compõem uma notícia. Poderíamos resumir uma notícia em duas partes principais, o lide (lead) e o corpo. Além destes elementos, o título é uma parte essencial da notícia. Podemos acrescentar, ainda, elementos como fotografia, gráfico, linha, olho e outros recursos que podem ser adicionados ou não. A fórmula “título + lide + corpo” é a básica, mas sempre que possível, cabe ao jornalista e editor complementarem a informação com outros recursos. Afinal, nem sempre uma notícia pode ser bem compreendida apenas com textos, além disso, os recursos adicionais chamam a atenção do leitor e facilitam a leitura da informação.
Lide (lead)
O lide tem a função primordial de captar a atenção do leitor. É a chance que o jornalista tem de mostrar ao leitor que aquela notícia é importante. O lead é o primeiro parágrafo do texto, que deve responder às questões básicas para deixar o leitor bem informado, mesmo se optar por não ler o resto do texto.
Basicamente, o lide deve responder às seis questões básicas: o que, quem, onde, como, por que, quando. No entanto, o jornalismo moderno não se prende a estas questões. Nem sempre todas elas são respondidas no primeiro parágrafo. Dependendo da ocasião, responde-se às mais importantes antes, e as informações secundárias podem ser respondidas no parágrafo seguinte, que pode ser um sublead.
Além disso, dependendo das informações contidas no título, linha fina ou chapéu, o lide pode dispensar algumas informações. O tempo e a experiência dão ao jornalismo a maturidade para saber trabalhar bem essas informações. Além disso, o trabalho dos editores também contribui para a elaboração de um bom textos. Eles vão perceber que informação está faltando ou se algum dado pode ser dispensado do lide.
Título
O título é outro elemento que, normalmente, é trabalhado pela equipe. Muitas vezes o título dado pelo jornalista é mudado no decorrer da edição do jornal, por inúmeros motivos. Os editores, editores de arte e diagramadores trabalham em conjunto na criação do design da página e isso pode gerar títulos diferentes.
Não é raro, principalmente em reportagens, a diagramação da página ser feita “em torno” do título, por isso, o título e a arte da página acabam sendo desenvolvidos em conjunto. Até a tipologia usada pode variar conforme o título.
Uma dica para criar títulos é usar os verbos no presente do indicativo para que o jornal não pareça velho. Por isso, lemos, por exemplo, “Brasil vence...” – “Polícia prende...” e não “Brasil venceu...” – “Polícia prendeu...”
Linha fina
A linha fina está cada vez mais presente nos jornais modernos, isso porque a leitura da linha fina agiliza a compreensão da notícia. O leitor de jornais não tem tempo para ler todos os lides do jornal, e a linha fina auxilia o leitor a compreender o contexto da notícia. A linha fina também é chamada de subtítulo em alguns veículos.
A linha fina deve completar a informação do título. Normalmente é escrito sem pontos. Alguns jornais pecam ao usar a linha fina apenas por estéticas e acabam criando textos desinteressantes e que não captam a atenção do leitor. Um desperdício de espaço.
Chapéu
O chapéu no jornalismo é fácil de identificar, pois é uma frase ou expressão que identifica o assunto ou o personagem central. Também auxilia no desenvolvimento da matéria, facilita o entendimento do leitor e deve sempre trabalhar em conjunto com título e linha fina. Por exemplo, um chapéu com a expressão “U$ 50 milhões” facilita o entendimento de um título “Barcelona acerta compra de Ronaldo”. Só de ler título e linha fina, o leitor já sabe as informações mais importantes da notícia. A linha fina ainda poderia conter informações como tempo de contrato para deixar o leitor bem informado mesmo sem tempo para ler o resto na notícia.
Retranca
Esta ferramenta é utilizada no corpo do texto. Conforme a matéria é escrita, o jornalista pode perceber que o texto está muito longo e “quebra-lo” pode ser uma forma de deixa-lo menos pesado. A retranca é uma palavra que identifica o assunto do texto a partir daquela parte. Por exemplo, um texto falando de um problema no pronto-socorro municipal pode ter a retranca “Resposta” para identificar que no parágrafo seguinte há uma resposta dos responsáveis.
A retranca é utilizada em reportagens e textos mais longos para dar uma identidade visual mais agradável.
Olho
O olho em jornalismo é uma expressão que designa uma frase destacada do texto. O olho é colocado no meio do texto com letras maiores para dar ênfase a uma frase da matéria. Por exemplo, se a notícia é sobre a derrota de um time e o treinador declara que “sabíamos que perderíamos antes do jogo começar”, a fala do treinador merece destaque. Os editores abrem um espaço no texto, como um elemento gráfico, e colocam esta frase em uma fonte com tamanho maior.
O olho é outra forma interessante de atrair a atenção do leitor, pois nem sempre é possível destacar no título ou lide uma frase de impacto.
Legenda e texto-legenda
Pode não ser perceptível mas existe uma diferença entre legenda e texto-legenda. A legenda, como sabemos tradicionalmente, é um texto que complementa as informações de uma fotografia. Já o texto-legenda é um pouco maior, normalmente, usa-se um quadro junto à fotografia.
Em um próximo texto quero falar um pouco sobre os elementos gráficos de uma matéria, como fotografia, gráfico e ilustração.
terça-feira, 4 de março de 2014
Collor venceu as eleições graças ao seu marketing político
A história do marketing político, ou melhor do marketing eleitoral, tem um capítulo muito importante nas eleições presidenciais de 1989. A disputa presidencial de 89 foi intensa, com muitos candidatos, discursos de acusação e 'dedos apontados' para todos os lados. Polêmicas a parte, as eleições de 89 merecem um destaque no estudo do marketing, mesmo porque o vencedor das eleições, Fernando Collor de Mello, não era apontado como um dos favoritos antes do inicio da campanha eleitoral.
Desde 1960 os brasileiros aptos a participar não haviam escolhido um presidente da república. As eleições de 89 tiveram 22 candidatos. Até o apresentador Sílvio Santos saiu candidato (porém sua candidatura fora impugnada). Os partidos eram novos e não tinham argumentos ou iniciativas próprias para as alianças tão comuns nas eleições mais atuais. Poucos partidos se dispuseram às coligações. Para se ter ideia, foram para o segundo turno Collor e Lula, com apenas 28,5% e 16% dos votos válidos respectivamente.
Material
Na campanha eleitoral de 89, Collor, além dos brindes tradicionais da época, como chaveiros, camisetas e adesivos, utilizada a bandeira do Brasil com a frase "Collor é progresso" escrita na faixa central.
Collor usava as cores verde e amarelo no seu nome, nas letras LL, de Collor, uma referência à JK, que também utilizou seu nome como marca. Com os dedos, o candidato também fazia referência aos eles de seu nome.
O slogan "O caçador de marajás" marcou sua campanha e a notícia de ter cobrado U$ 140 milhões do Bando do Estado de Alagoas, referente aos usineiros do estado foi explorado com eficiência por seus marketeiros políticos.
Rádio e Telefone
Poucos candidatos deram importância à campanha radiofônica. Lula e Collor foram um dos poucos a investir no rádio. Pois esta era uma excelente forma de alcançar, por exemplo, eleitores analfabetos, ou alguns tipos de trabalhadores que passam o dia ouvindo rádio.
Outro investimento inovador foi a utilização de uma linha telefônica na qual os eleitores podiam ligar e entrar em contato direto com sua campanha. Os eleitores, ganhavam, inclusive, um kit de adesivos pelos correios.
Sentimentalismo
Acredito que ainda hoje a maioria da população brasileira vota no candidato mais pelo carisma destes do que pela competência em si. E Collor percebeu isso já naquela eleição e realizava discursos mais emocionais e sempre se colocava como uma pessoa de sentimentos e mais 'humano' que os demais candidatos.
Usava a 'fantasia' de defensor da moralidade e utilizava resultados de pesquisas para discursar aquilo que era necessário no momento.
Na TV
Fernando Collor de Mello fez um belo trabalho na televisão durante a campanha presidencial de 89. Um exemplo que merece destaque foi sua campanha no segundo turno. Seu rival Lula utilizava alguns artistas para apoiar sua campanha, enquanto ele utilizava pessoas comuns, dizendo que o artista do Brasil é o brasileiro.
Falando ainda sobre o primeiro turno das eleições de 89, vale ressaltar que, curiosamente, Collor não participou dos debates acalorados do primeiro turno, em nenhuma emissora. Foi um dos maiores críticos que Lula já teve, para muitos, o maior de todos, pois o acusava constantemente e usava termos fortes para acusar Lula.
Matinha sempre uma imagem de 'cara educado' com discursos bem falados e de boa oratória.
Muitos estudiosos, como Carlos Manhanelli, atribuem à campanha na TV como importante instrumento para a vitória de Collor no segundo turno, com dois fatos importantes.
O primeiro fato importante foi Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, declarando que Lula teria forçado o aborto de sua filha Lurian, acusando-o de ser, inclusive, racista.
Outro fato relevante, e que tem até a ver com a ética jornalística, foi a edição do Jornal Nacional após o último debate entre os candidatos no segundo turno. A edição foi amplamente favorável ao candidato Collor. Mais tarde, Boni, manda-chuva da Rede Globo, confessa manipulação do debate. O debate completo, com mais de duas horas de duração, pode ser vista através do site Youtube.
Para muitos, até hoje, Collor foi o que melhor soube explorar o marketing a seu favor.
Desde 1960 os brasileiros aptos a participar não haviam escolhido um presidente da república. As eleições de 89 tiveram 22 candidatos. Até o apresentador Sílvio Santos saiu candidato (porém sua candidatura fora impugnada). Os partidos eram novos e não tinham argumentos ou iniciativas próprias para as alianças tão comuns nas eleições mais atuais. Poucos partidos se dispuseram às coligações. Para se ter ideia, foram para o segundo turno Collor e Lula, com apenas 28,5% e 16% dos votos válidos respectivamente.
Material
Na campanha eleitoral de 89, Collor, além dos brindes tradicionais da época, como chaveiros, camisetas e adesivos, utilizada a bandeira do Brasil com a frase "Collor é progresso" escrita na faixa central.
Collor usava as cores verde e amarelo no seu nome, nas letras LL, de Collor, uma referência à JK, que também utilizou seu nome como marca. Com os dedos, o candidato também fazia referência aos eles de seu nome.
O slogan "O caçador de marajás" marcou sua campanha e a notícia de ter cobrado U$ 140 milhões do Bando do Estado de Alagoas, referente aos usineiros do estado foi explorado com eficiência por seus marketeiros políticos.
Rádio e Telefone
Poucos candidatos deram importância à campanha radiofônica. Lula e Collor foram um dos poucos a investir no rádio. Pois esta era uma excelente forma de alcançar, por exemplo, eleitores analfabetos, ou alguns tipos de trabalhadores que passam o dia ouvindo rádio.
Outro investimento inovador foi a utilização de uma linha telefônica na qual os eleitores podiam ligar e entrar em contato direto com sua campanha. Os eleitores, ganhavam, inclusive, um kit de adesivos pelos correios.
Sentimentalismo
Acredito que ainda hoje a maioria da população brasileira vota no candidato mais pelo carisma destes do que pela competência em si. E Collor percebeu isso já naquela eleição e realizava discursos mais emocionais e sempre se colocava como uma pessoa de sentimentos e mais 'humano' que os demais candidatos.
Usava a 'fantasia' de defensor da moralidade e utilizava resultados de pesquisas para discursar aquilo que era necessário no momento.
Na TV
Fernando Collor de Mello fez um belo trabalho na televisão durante a campanha presidencial de 89. Um exemplo que merece destaque foi sua campanha no segundo turno. Seu rival Lula utilizava alguns artistas para apoiar sua campanha, enquanto ele utilizava pessoas comuns, dizendo que o artista do Brasil é o brasileiro.
Falando ainda sobre o primeiro turno das eleições de 89, vale ressaltar que, curiosamente, Collor não participou dos debates acalorados do primeiro turno, em nenhuma emissora. Foi um dos maiores críticos que Lula já teve, para muitos, o maior de todos, pois o acusava constantemente e usava termos fortes para acusar Lula.
Matinha sempre uma imagem de 'cara educado' com discursos bem falados e de boa oratória.
Muitos estudiosos, como Carlos Manhanelli, atribuem à campanha na TV como importante instrumento para a vitória de Collor no segundo turno, com dois fatos importantes.
O primeiro fato importante foi Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, declarando que Lula teria forçado o aborto de sua filha Lurian, acusando-o de ser, inclusive, racista.
Outro fato relevante, e que tem até a ver com a ética jornalística, foi a edição do Jornal Nacional após o último debate entre os candidatos no segundo turno. A edição foi amplamente favorável ao candidato Collor. Mais tarde, Boni, manda-chuva da Rede Globo, confessa manipulação do debate. O debate completo, com mais de duas horas de duração, pode ser vista através do site Youtube.
Para muitos, até hoje, Collor foi o que melhor soube explorar o marketing a seu favor.
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