Desde 1960 os brasileiros aptos a participar não haviam escolhido um presidente da república. As eleições de 89 tiveram 22 candidatos. Até o apresentador Sílvio Santos saiu candidato (porém sua candidatura fora impugnada). Os partidos eram novos e não tinham argumentos ou iniciativas próprias para as alianças tão comuns nas eleições mais atuais. Poucos partidos se dispuseram às coligações. Para se ter ideia, foram para o segundo turno Collor e Lula, com apenas 28,5% e 16% dos votos válidos respectivamente.
Material
Na campanha eleitoral de 89, Collor, além dos brindes tradicionais da época, como chaveiros, camisetas e adesivos, utilizada a bandeira do Brasil com a frase "Collor é progresso" escrita na faixa central.
Collor usava as cores verde e amarelo no seu nome, nas letras LL, de Collor, uma referência à JK, que também utilizou seu nome como marca. Com os dedos, o candidato também fazia referência aos eles de seu nome.
O slogan "O caçador de marajás" marcou sua campanha e a notícia de ter cobrado U$ 140 milhões do Bando do Estado de Alagoas, referente aos usineiros do estado foi explorado com eficiência por seus marketeiros políticos.
Rádio e Telefone
Poucos candidatos deram importância à campanha radiofônica. Lula e Collor foram um dos poucos a investir no rádio. Pois esta era uma excelente forma de alcançar, por exemplo, eleitores analfabetos, ou alguns tipos de trabalhadores que passam o dia ouvindo rádio.
Outro investimento inovador foi a utilização de uma linha telefônica na qual os eleitores podiam ligar e entrar em contato direto com sua campanha. Os eleitores, ganhavam, inclusive, um kit de adesivos pelos correios.
Sentimentalismo
Acredito que ainda hoje a maioria da população brasileira vota no candidato mais pelo carisma destes do que pela competência em si. E Collor percebeu isso já naquela eleição e realizava discursos mais emocionais e sempre se colocava como uma pessoa de sentimentos e mais 'humano' que os demais candidatos.
Usava a 'fantasia' de defensor da moralidade e utilizava resultados de pesquisas para discursar aquilo que era necessário no momento.
Na TV
Fernando Collor de Mello fez um belo trabalho na televisão durante a campanha presidencial de 89. Um exemplo que merece destaque foi sua campanha no segundo turno. Seu rival Lula utilizava alguns artistas para apoiar sua campanha, enquanto ele utilizava pessoas comuns, dizendo que o artista do Brasil é o brasileiro.
Falando ainda sobre o primeiro turno das eleições de 89, vale ressaltar que, curiosamente, Collor não participou dos debates acalorados do primeiro turno, em nenhuma emissora. Foi um dos maiores críticos que Lula já teve, para muitos, o maior de todos, pois o acusava constantemente e usava termos fortes para acusar Lula.
Matinha sempre uma imagem de 'cara educado' com discursos bem falados e de boa oratória.
Muitos estudiosos, como Carlos Manhanelli, atribuem à campanha na TV como importante instrumento para a vitória de Collor no segundo turno, com dois fatos importantes.
O primeiro fato importante foi Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, declarando que Lula teria forçado o aborto de sua filha Lurian, acusando-o de ser, inclusive, racista.
Outro fato relevante, e que tem até a ver com a ética jornalística, foi a edição do Jornal Nacional após o último debate entre os candidatos no segundo turno. A edição foi amplamente favorável ao candidato Collor. Mais tarde, Boni, manda-chuva da Rede Globo, confessa manipulação do debate. O debate completo, com mais de duas horas de duração, pode ser vista através do site Youtube.
Para muitos, até hoje, Collor foi o que melhor soube explorar o marketing a seu favor.
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