Continuando meus textos sobre a ética do Jornalismo, desta vez quero comentar um pouco mais sobre a relação do profissional com a sociedade. Os textos foram retirados do meu trabalho de TCC da minha pós em Jornalismo Político, com adaptações.
Neste post escrevo um pouco sobre as relações do jornalismo com o desenvolvimento da democracia e como o denuncismo fere a ética jornalística.
Para acessar os posts anteriores sobre o tema, clique nos tópicos a seguir:
Jornalismo e fama -
O papel social do jornal e do jornalista -
Introdução ao assunto.
A obra “
Manual do radiojornalismo” destaca alguns pontos éticos importantes para a prática jornalística. Dentre os quais, os autores questionam o jornalista que se preocupa puramente em manter o emprego, deixando de lado o dever social do jornalista. Recomenda-se que os jornalistas questionem quando são pressionados a agir de forma contrária às posturas éticas da profissão.
Impor a linha editorial do jornal sob ameaça de demissão ou outra forma de castigo é condenável .
Publicar boatos ou informações é um erro condenável pelos autores (2003, p.21). “Quando rumores e fofocas são publicados como notícias precisas (...) geralmente se constituem em um sofisma e colaboram para reforçar o denuncismo”.
Para evitar esse erro recomenda-se não publicar matérias baseadas em uma única fonte e evitar textos tendenciosos.
Se um veículo de comunicação se propõe a seguir determinada linha editorial como um “caça às bruxas”, a função social deste jornal é nula. Assim como usar o veículo para promoção pessoal, de amigos, ou patrocinadores. O jornal que se propõe a ser usado como “carro eleitoreiro” nada tem de instrumento social.
Jornal não é panfleto político
Sobre as características de um jornal, Gerson Luiz Martins , em seu
artigo publicado 12 de junho de 2012 no site Observatório da Imprensa , explica que muitos jornais atuais atuam mais como panfletos políticos, pois atuam com textos publicitários, opinativos e doutrinários, que fogem totalmente dos objetivos do jornalismo.
No artigo, o autor, ironicamente, comenta que os leitores dessas veículos utilizam o jornal mais como “aparato sanitário de cães e gatos” do que fonte de informação. Esses panfletos, de acordo com o autor, acabam circulando com matérias envelhecidas, matérias frias, são distribuídas de forma precária e alguns desses jornais, sequer possuem jornalistas formados em seus quadros. Como veremos mais para frente, características que recaem muito bem nos jornais da cidade do Guarujá.
O jornal, quando comprometido em informar, também exerce um importante papel para o desenvolvimento da democracia. Pois a democracia não se resume a eleições diretas e indiretas.
Franklin Martins explica como o jornalismo tem a ver com a democracia (2011, p.26).
"Implica também o aumento do espírito crítico e maior interferência da sociedade em todos os espaços públicos e de formação da opinião pública. A imprensa é um deles, talvez o mais importante deles.
O resultado é que (...)as decisões editoriais são tomadas, cada vez mais, levando em conta critérios jornalísticos".
Portanto, para que um jornal exerça o papel social que dele se espera, deve fugir de práticas doutrinárias manipuladoras. E seus profissionais devem zelar pela imparcialidade para, não apenas informar, mas levar entendimento ao leitor.
Anabela Gradim aborda o assunto revelando que não é papel do jornalista selecionar arbitrariamente a informação a ser dada(2000,p33).
"O jornalista não é uma vivandeira que espalha boatos e devassa a intimidade e privacidade das figuras públicas; não trafica influências; não paga nem presta favores; não promove nem desfaz a imagem de ninguém; não ameaça; não dá recados; não trai a confiança dos leitores ou das fontes; não se arvora juiz ou autoridade moral das questões quando relata factos. Limitar-se-á a relatá-los".
Por hoje é só. Recomendo a leitura das obras citadas no texto e também dos livros:
Ética no jornalismo
Ética, Jornalismo e Nova Mídia
A arte de fazer um jornal diário