domingo, 28 de julho de 2013

Ser ou não ser (jornalista)? Eis a questão

Para quem deseja iniciar a carreira de jornalista este texto visa esclarecer algumas dúvidas sobre a profissão e apontar alguns conceitos básicos. Mercado de trabalho, salários, áreas e ramos são alguns elementos abordados neste post.

Por que devo ser jornalista?
Muitos jovens, não que eu seja velho, assistem filmes, novelas, seriados ou documentários e acham que ser jornalista é quase ser detetive. Outros tantos se fantasiam trabalhando na Espn, Globo ou CNN. São ideias descartáveis. Não que você não possa ter esta ambição, mas, como toda profissão, não é a realidade da maioria, principalmente se você não se formar na USP ou outras 'mega' universidades, as quais lhe ofereçam a possibilidade de cruzar com grandes nomes pelos corredores.

Só para você saber, trabalhar em uma filial da Globo nem é tão impossível, mas se você chegar lá vai perceber que o salário não é tão fenomenal assim e nem as condições de trabalho. Por isso, não se iluda achando que ao trabalhar em uma filial da Globo, Band ou Record vai poder 'amarrar o burro na sombra'.

Você também logo vai perceber que a média salarial é relativamente baixa. Mas se você fizer 'tudo direitinho' depois de , mais ou menos, uma década na área você terá boa chances de ter dois empregos, trabalhar em assessoria ou pegar uma 'graninha' extra com trabalhos freelance. É claro que não dispensamos as possibilidades de você ser promovido. Minha dica: desde a faculdade acumule conhecimentos para tentar passar em concurso público, onde a média salarial é de R$ 3500,00. Ah, e não esqueça de fazer uma pós.

Tem muito jornalista que vive de aparência
Tem muita gente que associa a profissão de jornalista com glamour, pois conhece algum profissional que vive em festas, reuniões sociais, próximo às autoridades. O pior é que tem muito jornalista que se ilude com isso mesmo.

Ao exercer a profissão você vai participar de zilhões de festas sociais da elite, as chamadas 'festas fechadas', vai ganhar mais zilhões de convites e entradas vip e vai ter mais proximidade das autoridades. Conviver com a elite não significa fazer parte dela. Cabe a cada um julgar se essas coisas devem ser apreciadas ou não.

Pode ter certeza que muito jornalista que 'paga um sapo' não ganha tanto quanto você imagina, por isso, não escolha essa profissão achando que os blazers e ternos alinhados são sinônimos de salários altos. A não ser que você avalie que ganhar pouco mas estar entre os importantes é melhor que ganhar muito e não ter tanto reconhecimento, como engenheiros ou analistas de sistema.

'Quero ser comentarista de futebol'
Você também precisa saber que dificilmente escapará da política, assistência social ou outros assuntos não tão atraentes, pelo menos para a maioria que ingressa na faculdade almejando trabalhar com esporte, moda ou tecnologia. Mesmo assim não desanime, pois assuntos como política e economia não são nenhum bicho de sete cabeças e fazendo o 'feijão com arroz' não há muito o que temer.

Recomendo que 'saia da caixa' e pense na profissão como um 'geral', esteja preparado para atuar em qualquer segmento. Não entre na paranoia de querer ser só 'jornalista esportivo' ou 'de comportamento'.

Outra coisa: esquece essa história de 'investigador'. Jornalista consegue as informações por que tem fontes interessadas em prejudicar ou beneficiar alguém. Por exemplo: o caso do mensalão estourou porque políticos de oposição e ex-integrantes resolveram chamar a imprensa para repassar informações e documentos. Não foi nenhum 'salvador da pátria' que ficou dias sem dormir, revirando lata de lixo e investigando a vida pessoal dos suspeitos. A mesma coisa para o recente caso dos jatos da FAB. Diga-se de passagem, grandes 'escândalos' (principalmente políticos), normalmente, também envolvem dinheiro. Prefiro não me aprofundar nesta questão.

Considere trabalhar para empresas, pois com a profissionalização e evolução da comunicação empresarial, as grandes empresas recrutam jornalistas para sua assessoria de imprensa com muito mais frequência que em anos passados. Além disso, a evolução das tecnologias exige que as empresas tenham um profissional de Comunicação para lidar com as redes sociais e novas mídias.

Onde trabalham?
O campo para jornalista é bem amplo, mas não nos enganemos, rádios da cidade, canais por assinatura da sua região, jornais de bairro, portais, etc vão lhe oferecer baixos salários. Para quem está começando, aceite, pois, no pior das hipóteses, você acumula experiência e melhora o currículo.

O 'filé', em termos salariais, além, claro, dos grandes veículos, é pegar uma assessoria de imprensa, seja em empresas ou no ramo político. No entanto, as 'dispensas' ocorrem com mais frequência e facilidade. sem contar que você será obrigado a 'pagar um pau' pro seu empregador 24 horas por dia. Aí, você tem que ir em reunião às 23h, festa de aniversário no domingo à tarde e inaugurações no dia do aniversário de sua esposa. Existe boas chances de você ter que 'vender sua alma'.

Como saber se serei um bom jornalista?
Também estou atrás de uma resposta para essa questão, mas conversando com amigos e professores posso dar algumas sugestões (as quais também vou seguir :)). Fuçando na net, você vai achar dicas de 'ler muito', 'escrever bastante' e 'se informar sempre'. Na verdade, são dicas para todas as pessoas, independente da profissão, mas é claro que, como jornalista, você vai dar mais atenção às palavras utilizadas, à construção do parágrafo ou apresentação das informações.

Acho que, como em toda profissão, o importante é ter disposição para sempre aprender e se reciclar. Não ficar com pensamentos e dogmas nos enjaulando.

As dicas de ler muito, escrever, analisar, avaliar você vai desenvolver na faculdade ou com o tempo de profissão. Não quero falar disso neste texto. Talvez, em um próximo. Por enquanto, prefiro ressaltar a importância de buscar as informações, seja na profissão ou na faculdade. Tendo disposição para coletar a maior quantidade possível de dados já um bom sinal.

Jornalista só escreve? O tempo todo?
Não! Também bebemos muito café :).

Claro que comparado com outras profissões, escrevemos muito mais, mas isso não significa que a rotina de trabalho de um jornalista se resume a isso. Conversamos muito, debatemos, colocamos nossas ideias, ouvimos opiniões diversas. Isso nos dá segurança para abordar um assunto, mas ainda há muitas outras coisas que um jornalista pode fazer.

  • Elaborar sites, portais e blogs. Agir como intermediador nas redes sociais. Criar jornal interno de uma empresa. Ajudar a criar folhetos e folders. Atuar juntamente com a equipe de publicidade para desenvolver estratégias de comunicação. Servir de intermediário entre empresa e população. Responder perguntas, correr atrás de soluções, ajudar a construir a 'imagem' de uma empresa, instituição. 
  • Atuar em ONGs.
  • Editar e diagramar. 
  • Definir estratégias de comunicação. 
  • Atuar em programas de mídia eletrônica (tv e rádio), não apenas como locutor ou repórter, mas também nos bastidores, coletando informações, fazendo contatos, definindo pautas, organizando as equipes.  Elaborar e intermediar documentários, debates e 'mesas redondas'.
  • Atuar no cinema, como pesquisador, entrevistador, redator.
  • Produzir discursos, elaborar documentos e apresentações. 
  • Atuar em rádios, não só como locutor, mas coletando informações para os locutores. Foi minha primeira experiência na profissão.
  • Atuar em  canais de televisão. Assim como no rádio, não necessariamente aparecendo, mas contruindo a base interna de informações.
Onde estudar?
Quem mora em cidade pequena, como eu, não tem muita opção, mas quem mora em capitais pode ficar indeciso sobre qual faculdade escolher. Neste LINK há uma lista das dez melhores faculdades de jornalismo do Brasil, já neste outro LINK é possível ver a avaliação de todas as faculdades de 5 a 3 estrelas.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Jânio Quadros o "mago" do marketing político

Provavelmente, antes mesmo do termo 'marketing político' existir, ou pelo menos ser conhecido no Brasil, Jânio Quadros já utiliza estratégias que ainda hoje são a base do marketing político no país.

A cientista política Vera Chaia o classifica como um “mago" do marketing político. Já o ex-ministro e embaixador Rubens Ricupero diz que o jeito de se fazer política hoje em dia começou com Jânio.

A imagem de popular, sem aquela 'pompa' de político ou de intocável, tornou-o um candidato próximo à população. O que hoje, podemos chamar de populismo ou, ainda mais crítico, lulismo, já era praticado por Quadros nos idos anos 60.

Não é para menos que é considerado o precursor do marketing político. Para quem deseja aprofundar seus conhecimentos na área, o livro de Nelson Valente sobre o ex-presidente é indispensável.

Imagem pessoal
Não pense você que essa coisa de 'trabalhador das classes', homem de origem humilde e imagem de 'povão' é coisa nova do PT. A estratégia, que ainda vale muito em uma eleição não apenas no Brasil mais em toda América Latina, começou a ser desenhada por Jânio.

Ora com sapatos trocados, ora (quase sempre) com sua vassoura, com a qual varreria a corrupção do país, ora comendo um sanduíche de mortadela tirado do bolso. Assim era Jânio Quadros nos palanques de campanha. A imagem de um homem simples era pela primeira vez representada com tanta clareza e maestria em um político.

Criou mais que uma imagem pessoal. Uma identidade nacional. Numa época que o rádio ainda era o grande veículo das massas – a televisão começava a ganhar mercado – suas palavras simples e discursos cheios de conotações patriotas, inflamavam os eleitores de paixão e esperança.

Ao mesmo tempo que passava uma imagem de simples, procurava ser visto como uma pessoa culta. Assim, o povo poderia enxergar nele alguém culto, mas humilde. Por isso, mostrava seus projetos, propostas e opiniões de uma forma aprofundada, mas utilizando palavras simples, de fácil entendimento.

Essa característica, ainda hoje, pode ser decisivo em uma campanha. Posso citar o exemplo mais claro: o PT e o PSDB. Os candidatos tucanos sempre apresentam índice de rejeição por parecerem 'ricos' ou 'esnobes. Já os candidatos do PT são os que possuem maior carisma junto à população. Não fosse o apoio do 'humilde e batalhador' Lula, teria Dilma vencido as eleições?

Usava as bandeiras de São Paulo e do Brasil sempre que julgava importante. Ainda hoje, candidatos fazem questão de ressaltar sua origem paulista, interiorana ou nordestina como sendo um sinal de humildade, força ou capacidade.

Material
Além de utilizar os tradicionais espaços nos jornais, revistas e rádio, fez uso em grande escala de materiais promocionais como santinhos, selos, broches, cartazes, panfletos, ofícios, cartilhas eleitorais, flâmula, bilhetes de rifas e cédula. Desenvolveu interessantes slogans, como:

VASSOURA NELES
LIBERDADE ORDEM
MORALIDADE ECONOMIA
– NÃO DESESPERE –
JÂNIO VEM AÍ
JÂNIO VEM AÍ...
NÃO DESESPERE!
JÂNIO VEM AÍ...
O AMOR PELA PÁTRIA
ME FARÁ VENCER

domingo, 30 de junho de 2013

O princípio de 'contraste' em design

Para quem está começando a entender um pouco melhor as artes visuais, ou quem não é da área, mas quer dar um toque mais profissional aos seus trabalhos, este texto pode lhe fornecer dicas importantes.

Baseado no livro 'Design para quem não é design', de Robin Williams, podemos entender que o design gráfico é baseado em quatro princípios: alinhamento, repetição, aproximação e contraste. Em posts anteriores eu já comentei um pouco sobre os três primeiros elementos. Hoje, vamos dar fim ao assunto, falando sobre o conceito de contraste, que para mim também poderia ser classificado como hierarquia.

Dar contraste significa que os elementos não podem ser tratados de forma semelhante. Por exemplo, um título não pode ter o mesmo tamanho do resto do texto. Um cartão de visitas não pode ter todas as informações usando a mesma fonte, no mesmo tamanho. A leitura fica perdida, os olhos não identificam o que é mais importante. Por isso, é importante darmos contraste aos elementos.

De igual maneira, não podemos tentar diferenciar dois elementos com 'pouca coisa'. É preciso deixar claro que estamos diferenciando as informações. Por exemplo, um título tamanho 14 e um texto tamanho 12 são semelhantes. O ideal seria usar um título, com 20 ou mais de tamanho. Usar um elemento laranja e outro vermelho não vai destacar nenhum deles. Eles vão continuar semelhantes. Use vermelho e azul, laranja e verde, sei lá, mas não use cores 'da mesma paleta'.

A imagem ao lado é um slide que fiz para uma apresentação no curso de inglês. Você consegue perceber como utilizei o contraste?

No título do slide, FRATELLI RESTAURANT, usei fonte maior e mais forte que o que foi usado no restante do texto. Se eu tivesse usado fonte preta, mesmo que maior, não se destacaria tanto. Da mesma forma, se eu tivesse usado fonte vermelha, mas do mesmo tamanho do resto, o destaque não seria tão claro.

O contraste também tem muito a ver com todos os outros três elementos fundamentais do design gráfico.

Veja como eu tive que utilizar o alinhamento no texto, mas o título não segue o alinhamento do texto, mas sim seu próprio alinhamento, pois é um elemento 'independente'.

De igual forma, tive que utilizar a repetição no texto. Pois se cada linha de texto fosse de uma cor, não haveria contraste, nada se destacaria, nem mesmo o título. Repeti a fonte para que, ao usar o vermelho no título, o vermelho se destacasse.

O fator proximidade também tem a ver com contraste, pois quando queremos que um elemento se destaque dos demais, ele deve ter uma distância 'diferenciada'. Isso fica bem claro neste modelo de currículo (tirado do livro de Robin Williams).

O contraste pode ser 'feito', utilizando-se linhas, pontos, pontilhados, caixas. Enfim, pesquise em jornais e revistas como isso é trabalhado por profissionais. Veja como existe infinitas possibilidades.

Veja como é fácil perceber que o currículo foi dividido em várias 'seções', facilitando o leitor encontrar as informações necessárias. Se desejo encontrar onde a pessoa se formou, o destaque em "formação acadêmica' facilita o acesso à informação.

Repare também que a utilização de diferentes fontes não reproduz uma 'salada visual'. A utilização inteligente de uma fonte, mas em modo caixa alta (todas em maiúsculas), versalete (a primeira letra de cada palavra maiúscula) e caixa baixa pode apresentar um contraste interessante e inteligente.

A utilização de linhas, no exemplo do currículo deixou o visual leve e de fácil leitura.

Repare neste último exemplo como a utilização de letras em caixa alta e vários tamanhos em diversos pontos do design dificulta a leitura. Você não consegue priorizar um ponto. Tudo parece que merece destaque. Isso também é importante. Você deve saber o que realmente merece destaque. O telefone? O endereço? O serviço? O preço? O nome da empresa? Pense bem o que realmente deve ser colocado em evidência ao criar uma peça gráfica.

A peça está 'pesada'. Para que tantas águias? Não existe espaço de descanso de vista. O contraste inteligente atrai a leitura, oferece ao leitor um visual agradável e de fácil entendimento. Não há nada de errado com espaços em branco, quando usado com sabedoria. Aliás, não há peça gráfica profissional que não use o descanso de vista.

Portanto, quando for montar seus lides, cartão de visita, panfleto, ou qualquer outra peça visual, trabalhe um pouco com o contraste. Não tenha medo de destacar o que realmente deve ser destacado e lembre que um elemento só vai se destacar se os outros seguirem um padrão. Um título vermelho só vai se destacar se o resto do texto for de apenas uma cor. Se um texto possui linhas em verde, azul, amarelo e laranja, o título dificilmente vai se destacar pela cor.

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