quarta-feira, 4 de julho de 2012

Espiral do Silêncio - Parte 02

Continuando os textos sobre a teoria da Espiral do silêncio, vamos agora explicar um pouco melhor o porquê deste nome.


A Espiral
Assim como uma figura espiralada, a construção da realidade que nos cerca é construída aos poucos e está em constante mudança. Novos assuntos, novos pontos de vista são apresentados a cada momento e assim construímos nossa realidade.

Com bases da Teoria do Agenda Setting, Elisabeth Noelle-Neuville percebe que novos assuntos nos são apresentados, em ritmo eternamente a se estreitar. Assim, uma opinião cada vez mais isolada tende a ser ainda mais não manifesta.

Algumas pesquisas realizadas ao redor do mundo apontam que quanto mais informada mais disposta está a pessoa a se manifestar sobre um assunto. Normalmente, reproduzindo opiniões de especialistas e líderes de opinião.

No entanto, levando em consideração aspectos sociais e culturais, em algumas sociedades a teoria é sustentada apenas parcialmente. O medo às autoridades, a apreensão ao que foi comunicado, conhecimento prévio do assunto e as próprias diferenças culturais moldam a expressão de opinião dos indivíduos.


Knowledge Gap
Ainda sobre a Espiral, se há uma mídia que faz o Agenda Setting, certamente, ela também dará um enfoque. Para cada tema, cada tópico da agenda, o veículo dará o seu enfoque a sua visão do assunto. No entanto para discutirmos qualquer assunto, nos sentimos mais à vontade quanto melhor o conhecemos.

Um indivíduo terá maior ou menor disposição para discorrer sobre qualquer tema conforme tenha mais ou menos conhecimento sobre tal. Se você pedir minha opinião sobre o time atual do São Paulo, certamente lhe darei uma resposta bem completa. Se me perguntares sobre o time atual do São Caetano, não terei muito o que dizer.

Nosso conhecimento macrossocial é construído em intervalos de conhecimento de absorção de informação obtida por grupos bem ou mal preparados. A absorção de informação também depende do grau de instrução e nível socioeconômico do receptor.

Podemos resumir dizendo que as pessoas mais instruídas são menos influenciáveis aos meios de comunicação, já que possuem mais fontes de informações.

A Teoria do Knowledge Gap ainda contém inúmeras outras variáveis, por isso, dificilmente pode ser comprovada. Há muitos estudiosos que sequer a consideram, por isso, prefiro não me aprofundar. Vamos voltar a focar outros aspectos da Espiral do Silêncio.

O silêncio
Está meio confuso? Vamos exemplificar. Certamente na escola você já ouviu a professora perguntar “alguém tem alguma dúvida” e mesmo não entendendo nada, você não levantou a mão porque não queria ser o único. Outro exemplo fácil de comprovar. Pergunte a qualquer mulher que pouco entenda de futebol qual o maior jogador de todos os tempos. Sem titubear ela responderá Pelé – a não ser que seja argentina aí ela deve responder Maradona – mas o que ela vai manifestar é o que ouve ao redor. Ela nunca se aprofundou sobre o assunto para responder com tanta convicção;

Tomamos por certo o que pensamos que a maioria pensa. Como exemplo mais recente, podemos averiguar o que nossos amigos pensam sobre o governo de Lula – tirando os partidários, filiados, etc. Sabemos que Lula foi o presidente mais popular do país, assim, certamente poucos criticarão seu governo. Mesmo os que o fizerem farão com respaldos, pois não querem estar contra a opinião da maioria.

Se pensamos que a mídia não influencia nosso pensar, devemos pensar da seguinte forma. Fazer exercícios físicos uma vez ao dia molda o corpo. Comer mal frequentemente também. Ler e escrever uma ou duas horas por dia molda nosso pensar. E assistir televisão duas ou três horas por dia não vai mudar nossa visão de mundo? Passar horas a fio no computador não vai mudar nossa percepção de sociedade? É evidente que sim. E isso tem tudo a ver com esta teoria

Para Elisabeth Noelle-Neumann o medo do isolamento é mais forte que o medo do julgamento. De acordo com estudos realizados, a maioria das pessoas acomoda-se com o que pensam ser a tendência de opinião da maioria.

Acredito que no próximo texto concluiremos o assunto. Trata-se de uma teoria muito bem aceita e abordada pelos centros acadêmicos. Também já respondi algumas questões de concurso público sobre o assunto, por isso, se aprofunde no tema.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Audiência pública irá debater má qualidade da Tv Paga

Se você é assinante de qualquer serviço de tv paga provavelmente você já passou par algum momento de ira. Demora no atendimento, ligações demoradas (quando atendido), demora da visita técnica, quedas de sinais... As empresas não oferecem o que qualquer primeiro anista de Publicidade & Propaganda conhece, o pós-venda.

Assim como o serviço de Banda larga e telefonia, a Tv por assinatura é um setor que apresenta muitos problemas. Aparentemente o Brasil não tem capacidade para lidar com o crescimento econômico pregado com tanto entusiasmo aos quatro ventos por políticos e outros seguidores da corrente "Brasil é do Primeiro Mundo".

O Congresso Nacional estuda a realização de uma audiência pública para debater este péssimo atendimento. Acho que os "colarinhos brancos" estão insatisfeitos com o que assistem em suas milhares de horas vagas. Convenhamos, eles estão certo.

Para ser sincero, como assinante da Itapema Tv a Cabo - acreditem ou não - não tenho muito do que reclamar. Mas ressalto que trata-se de uma empresa municipal, que consegue localizar bem seus clientes. E agilizar o atendimento, o que é mais difícil para as empresas que atendem centenas de milhares e até milhões de clientes.

Já fui assinantes de outros serviços, assim como alguns familiares e amigos, e sei que é raro alguém assinar um serviço por, no mínimo, seis meses sem ter aborrecimento.

Estima-se que mais de 14 milhões de domicílios já possuem tv por assinatura. As empresas não conseguem acompanhar o rápido crescimento do mercado e o resultado é frustrante para os assinantes.



Marcas sem reconhecimentos
No chamado valor percebido, as empresas de tv paga, assim como de banda larga, são muito mal vistas pelos clientes. Em estudo recente, entre trinta e cinco setores do mercado, as empresas de tv por assinatura e banda larga foram as menos conceituadas pelos clientes.

Para os comunicólogos fica a lição de como um serviço em crescimento não representa, necessariamente, valor percebido pelo cliente. Para mim essas informações representam uma ótima oportunidade, pois trata-se de um mercado em expansão com baixa qualidade oferecida. Aquele que começar a prestar um pouco mais de qualidade no serviço, abocanhará uma bela fatia no mercado.

Acredito que as empresas pensam somente na venda, ou nem isso, só na pré-venda mesmo, se esquecendo do "básico do b´sico do básico" no marketing moderno, o pós-venda.



segunda-feira, 25 de junho de 2012

Espiral do silêncio - Parte 01


Uma das hipóteses científicas sobre Comunicação de maior sucesso é a chamada “espiral do silêncio” desenvolvida em 1972 pela alemã Elisabeth Noelle-Neumann. Trata-se de um conceito amplamente aceito e estudado nos centros acadêmicos; não só na área de Comunicação, mas pela psicologia, antropologia e diversos outros campos.

Segundo os estudos da alemã, em certas ocasiões as pessoas se sentem acuadas, com medo de manifestar sua opinião, especialmente quando a opinião parece ser contrária ao que a maioria pensa; ou contrária ao que a pessoa acha que a maioria pensa. O medo do isolamento social nos leva a seguir o que a maioria faz, fala ou pensa. Por isso, em determinadas ocasiões o sujeito manifesta uma opinião que na verdade não está realmente formada e até contrária ao que ele mesmo de fato acredita.

Elisabeth tomou como ponto de partida os conceitos de percepção seletiva e acumulação – que estavam sendo colocados em evidência pelos estudiosos da hipótese do Agenda Setting.

Pesquisando pesquisas
Os mais pedantes perdoem-me pela expressão, mas os estudos se iniciaram quando a alemã analisava algumas pesquisas do Instituto Allensbach sobre a visão dos alemães sobre as qualidades do próprio povo alemão.

Ela percebera algumas oscilações nas respostas bem curiosas. Em vinte anos – 1952-1972- a visão negativa sobre os alemães (como explicado acima, por eles mesmos) subira de 4%  para 20%. Em apenas quatro anos a percentagem caíra para 14% e, o mais incrível, em alguns meses subira para 22%.

Foi quando Elisabeth resolveu estudar os programas televisivos veiculados neste período. Foi o ponta pé inicial de sua nova teoria. Confirmando que as mídias de fato influenciavam sobre “o quê pensar”, como levantado nos estudos sobre o Agenda Setting.

Ficou comprovado que a influência da mídia sobre o pensamento da massa não era tão tênue. Talvez não fosse tão forte como propunha a teoria da Agulha Hipodérmica, mas a médio e longo prazo, realmente era perceptível.

Inúmeros estudos foram realizadas pela alemã para desenvolver sua ideia.

Pressupostos
Segundo a própria pesquisadora, o mais interessante em sua nova teoria é a capacidade das pessoas constatarem o que ela batizara de “clima de opinião”. Ou seja, ao perceberem o que a maioria pensa – ou aparentemente a maioria pensa – a primeira reação é se calar para depois se adaptar e até mudar de opinião, para seguir a maioria.

A obra Teorias da Comunicação. Conceitos, escolas e tendências destaca como os principais pressupostos desta teoria:
1. A sociedade ameaça os indivíduos desviados com o isolamento
2. Os indivíduos estão sempre com medo de ficarem isolados
3. É este medo que leva os indivíduos a tentarem, constantemente, avaliarem o “clima de opinião”.
4. O que os indivíduos perceberem neste “clima de opinião”  irá influenciar seu comportamento, principalmente na expressão pública, fazendo-os se calarem ou até expressarem opiniões contrárias às suas próprias convicções.

Próximos posts
Acredito que serão necessários mais uns dois posts sobre o assunto para termos uma noção mais clara sobre esta inteligente teoria. Acredito que até o início de julho outros dois textos serão publicados.

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