Vale ressaltar que fui aos pampas de férias e não para estudar e analisar profundamente a mídia daquele país, mas algumas diferenças são tão gritantes que não posso deixar de compartilhar.
Protestos
Achei muito interessante os protestos espalhados por toda Montevidéu. São muitas pichações pela cidade, mas ao contrário do Brasil, não são escritas do tipo "Fulano ama Ciclana", "Fulano lado a", "Vila Favela domina". São muitos protestos políticos - e, claro, algumas coisas sobre futebol. A liberdade e disposição para protestos políticos é ousado e estimulante.
Imagino eu tentando protestar com um cartaz ao lado da prefeitura, no shopping ou em frente à universidade no Guarujá.
São pichações de protestos contra políticas sociais, ações do governo, decisões econômicas, etc... Seria interessante se por aqui a população, em especial os mais jovens que têm mais ânimo para estes tipos de protestos, tivesse a mesma disponibilidade, ao invés de ficarem alienados no futebol e na Globo.
Veículos de comunicação
A exemplo do que ocorre nas ruas, a programação das mídias uruguaias são fortemente pautadas pelas questões políticas.
Debates sobre ações do governo, decisões e declarações políticas mais importantes que novelas, BBBs ou similares - ai que inveja! Tudo feito com espantoso - para mim - profissionalismo, sem sensacionalismos ou partidarismos.
Antes de voltar analisei alguns jornais e decidi comprar o jornal mais influente por lá, o El País. Achei as matérias muito bem redigidas e focadas. Também achei interessante como se preocupam com o que ocorre nos países vizinhos Brasil e Argentina. É possível ler - e assistir - nos veículos uruguaios várias questões econômicas brasileiras e argentinas que eles tomam como exemplo para si.
Comparação
No apartamento que ficamos hospedados, a tv contava com os canais brasileiros internacionais e a comparação das pautas dos jornais televisivos entre este e aquele país ficou mais fácil. Era fácil perceber que a televisão brasileira, apesar de mais recursos e infraestrutura, trata os assuntos de uma forma mais superficial. Assim como temas mais fúteis são muito mais frequentes por aqui como: "como deixar seu bumbum mais bonito", "como adquirir 'aquele' bronzeado no inverno". Matérias assim nem têm espaço na mídia uruguaia - pelo menos, não percebi, se tem é muito pouco.
Enfim, achei muito interessante como os uruguaios estão à frente quando a questão é envolvimento social. Apesar de ser claramente um país sem tantos recursos e investimentos como o Brasil, percebe-se uma maturidade no pensar que raramente vejo por aqui.
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