sábado, 1 de dezembro de 2012

Jornalismo não deve ser feito em troca de vantagens pessoais

Nesta semana, Alberto Dines publicou uma matéria muito interessante que tem tudo a ver com a ética jornalística. No início de novembro escrevi um pouco sobre o assunto. Fiz um breve comentário sobre as relações entre jornalista e fonte. Hoje vou escrever um pouco sobre a questão de favorecimentos e vantagens pessoais que os jornalistas podem ter em virtude de sua profissão.

O texto citado acima no site Observatório da Imprensa e é um pouco longo, mas indispensável para estudantes e profissionais da área. Recomendo imprimir o texto para não cansar a vista (pelo menos isso acontece comigo quando leio textos longos no computador).

Este é um trecho retirado de meu TCC, porém com algumas adaptações.

Manipulação também é vantagem pessoal
Como fonte de informação em massa, os jornais possuem grande penetração nas camadas sociais, no entanto, este poder jamais deve ser utilizado pelo jornalistas, e seus proprietários, para benefícios pessoais. Isso não implica apenas bens materiais, mas para manipulação de ideologias e propaganda política.

Heródoto e Paulo Rodolfo (2003, p.32) comentam que “utilizar o anonimato da fonte para embutir opinião pessoal”, por isso, a fonte deve ser sempre identificada, salvo em casos de proteção à fonte.

Os autores também ressaltam o comportamento contra a conduta ética de jornalistas que utilizam suas fontes para conseguir favores pessoais de empresas privadas ou públicas. Pratica comum, conforme apurei em levantamento de pesquisa de campo para o TCC. Por isso mesmo, as fontes que insistem em se manter omissas devem ser bem analisadas para que não seja publicada nenhuma informação imprecisa ou, até mesmo, falsa.

Jornalista não decide por ninguém
Como ressalta Anabela Gradim, o jornal não deve ser comandado como uma empresa de interesses pessoais (2000, p.17). Mais uma, vez, ressalto que a pesquisa que realizei para o trabalho revelou que isso é comum, pelo menos, no município estudado (Guarujá).

Sendo o jornal uma empresa que produz e divulga notícias, não pode servir interesses criados, nem outros interesses além do seu interesse de informar. O jornal não serve para dar cumprimentos, tecer loas, promover partidos, personalidades ou ideais, ganhar eleições, forjar mitos, arregimentar hostes ou empreender guerras santas. Nem o inverso. O jornal não serve para desacreditar pessoas ou instituições, pagar favores, perseguir inimigos, encetar campanhas, comprometer-se com acções de propaganda ou servir de trampolim para se atingirem fins velados de natureza pessoal.

A função do jornalismo não é praticar o “denuncismo”, e muito menos a promoção pessoal de quem quer que seja, como lembra Jorge Pedro Sousa (2001, p.14) “os jornalistas também não devem aproveitar-se das suas funções para promover amigos, perseguir inimigos, pagar favores, fazer propaganda ou pedinchar benesses junto dos agentes de poder”.

Em “Jornalismo Político”, Franklin Martins é enfático ao declarar que (2011, p.34) “o jornalismo só existe como missão: informar a sociedade para que ela, bem informada, possa tomar suas próprias decisões”.

Ainda tem mais uma parte do assunto que vou escrever num próximo post, para não ficar muito longo.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Bactérias teriam dado origem à comunicação

Decidi atualizar o blog com uma postagem mais leve e curiosa. Hoje quero falar de algumas coisas que tenho lido e visto sobre o início do processo comunicacional.

Já abordei aqui os aspectos que deram origem à comunicação humana e como ela foi se desenvolvendo ao longo da história.

Vamos falar de como surgiu a comunicação em nosso planeta.

Há alguns anos, cientistas descobriram, com ajuda dos satélites, uma forma clara que aparecia nos oceanos próximo à África. A mancha tinha milhões de quilômetros quadrados. Ao estudarem o fenômeno, descobriram que se tratava de uma forma de bactéria que estava se comunicando.

Como funcionam
As bactérias se comunicam como uma câmara de deputados, ou vereadores. Isso significa que uma precisa da ajuda da outra para obterem um quorum disposto a compartilhar a mesma informação. A vantagem é que as bactérias são mais objetivas que os nossos legisladores. Além disso não precisam de tantas "questões de ordem" para darem continuidade ao processo.

De uma forma geral, as bactérias se comunicam para produzir um ataque em comum, iniciarem um processos de reprodução e coisas do tipo. Ao contrário dos legisladores que se comunicam para nomear ruas e solicitar operações 'tapa-buracos' para a cidade.

Sobre as bactérias especificamente descobertas no oceano, e que produzem bioluminescência, descobriu-se que elas trabalham em conjunto para produzir luz com o intuito de atraírem animais que as possam comer, pois se reproduzem no interior destes animais. Por isso, para essas bactérias, serem comidas por peixes é algo bom.

Outros exemplos
Quando se fala em comunicação animal, provavelmente, o exemplo mais comum seja a dos golfinhos. E isso tem razão. Os sons que emitem por suas fossas nasais chegam a ser transmitidos por 3 mil Km. Nossos telefones celulares, alcançam em média 12 km. E olhe lá!

A lula também é um animal que apresenta uma comunicação complexa, pois consegue enviar sinais diferentes para animais que estejam à sua direita e à sua esquerda.

Existem muitos outros exemplos bacanas e curiosos, mas o interessante é saber que a bactéria, criatura tão simples, é a mais provável percursora da comunicação animal, e ainda continua utilizando a comunicação nos dias de hoje.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Relações entre jornalistas e fontes

Voltando a falar sobre ética, tema que explorei no trabalho de conclusão de curso que fiz recentemente para o curso de jornalismo político, hoje vou escrever um pouco sobre as relações entre o jornalista e a fonte.

Só para relembrar, já abordei o papel social do jornalista e do jornal, a relação do jornalista e a fama e, no mês passado, escrevi sobre jornalismo democracia e denuncismo.


Em meu trabalho, escrevi que para que não exista um comprometimento do jornal com a informação, as relações de amizades com fontes, e até com outros jornalistas, devem ser criteriosas, como sugere Jorge Pedro Sousa (2001,p.37).

Deve saber que amizade, companheirismo e camaradagem, mesmo com outros jornalistas, não podem desembocar em deslealdades para com o seu jornal, em falta de espírito competitivo, em cumplicidades indesejáveis ou corporativismos ancilosados. Deve ser inteligente, ponderado e criterioso. Deve ter espírito de iniciativa e capacidade de resolver problemas e de transpor obstáculos.

De acordo com o que li, a aproximação de amizade com outras pessoas sem critérios profissionais ou equilíbrio acaba gerando  uma série problemas ao profissional, desde pequenos desentendimentos pessoais a conflitos maiores. Mas, para o jornalismo, o maior perigo é a manipulação da notícia.

Um risco dos riscos que o jornalista pode sofrer, ao se aproximar e manter relações de amizades com fontes é o de ser influenciado por ela e de tornar o jornalista limitado,contrariando o papel social da profissão. O fator de amizade entre a fonte e o jornalista não pode ser determinante para que uma notícia seja ou não divulgada. O jornalista não deve se abster de informar, mesmo que isso desagrade alguma de suas fontes. Da mesma forma, não deve, o jornalista, divulgar alguma informação somente para agradar uma de suas fontes.

Heródoto e Paulo Rodolfo destacam que uma informação oferecida pela fonte deve sempre ser checada. É uma função primária do jornalista checar a veracidade de toda informação que recebe. O profissional não deve divulgar a informação que recebeu na íntegra, acreditando veemente na fonte.

Os cuidados com a fonte devem ser ainda maiores quando se trata de políticos ou pessoas diretamente ligadas a eles. Ricardo Noblat  destaca (2002,p.61) “Ninguém no exercício do poder — seja ele de que tipo for — dá informação de graça a jornalista. Dá para agradá-lo — e para dele receber mais tarde algum agrado”.

Recomenda-se evitar qualquer tipo de amizade entre político e jornalista. Aproximações e alianças entre políticos, ou partidos, e jornais deve ser considerados abomináveis. É papel do jornalista duvidar de informações de fontes que tenham interesse pessoal no caso que apura.

Para Franklin Martins (2011, p. 54), o ideal é evitar se tornar amigo das fontes. Para ele são poucas as exceções. Segundo o jornalista, as fontes não podem ser mais importantes que a informação.

Vale lembrar que as fontes sempre defendem alguns interesses – sejam eles legítimos ou não. Para Franklin Martins (2011, p.63) “entender os interesses existentes por trás dos discursos é fundamental na cobertura política”.

Jornalista não deve ser refém da fonte
Podemos apurar, então, que o jornalista, ou o veículo de comunicação, deve ter moderação para divulgar informações baseadas em fontes políticas, em especial assessores parlamentares. Não cabe ao jornal a publicação de matérias baseadas nas informações brutas de uma dessas fontes. Jorge Pedro Sousa (2001, p.65) comenta que “As fontes tentam sempre divulgar o que lhes interessa e omitir o que não lhes interessa”.
João Simão (2007,p.23) enumera uma série de cuidados que o jornalista deve ter em relação às fontes. Dessas ponderações, para o desenvolvimento deste trabalho, é importante ressaltar que os jornalistas não devem se submeter às fontes.

O autor também ressalta que os jornalistas não devem utilizar os press-release como única fonte de informação, modificando-o em apenas alguns detalhes; ou mesmo publicá-lo na íntegra. Dessa forma, age como cooperador da fonte, nada mais que isso.

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