Só para relembrar, já abordei o papel social do jornalista e do jornal, a relação do jornalista e a fama e, no mês passado, escrevi sobre jornalismo democracia e denuncismo.
Em meu trabalho, escrevi que para que não exista um comprometimento do jornal com a informação, as relações de amizades com fontes, e até com outros jornalistas, devem ser criteriosas, como sugere Jorge Pedro Sousa (2001,p.37).
Deve saber que amizade, companheirismo e camaradagem, mesmo com outros jornalistas, não podem desembocar em deslealdades para com o seu jornal, em falta de espírito competitivo, em cumplicidades indesejáveis ou corporativismos ancilosados. Deve ser inteligente, ponderado e criterioso. Deve ter espírito de iniciativa e capacidade de resolver problemas e de transpor obstáculos.
De acordo com o que li, a aproximação de amizade com outras pessoas sem critérios profissionais ou equilíbrio acaba gerando uma série problemas ao profissional, desde pequenos desentendimentos pessoais a conflitos maiores. Mas, para o jornalismo, o maior perigo é a manipulação da notícia.
Um risco dos riscos que o jornalista pode sofrer, ao se aproximar e manter relações de amizades com fontes é o de ser influenciado por ela e de tornar o jornalista limitado,contrariando o papel social da profissão. O fator de amizade entre a fonte e o jornalista não pode ser determinante para que uma notícia seja ou não divulgada. O jornalista não deve se abster de informar, mesmo que isso desagrade alguma de suas fontes. Da mesma forma, não deve, o jornalista, divulgar alguma informação somente para agradar uma de suas fontes.
Heródoto e Paulo Rodolfo destacam que uma informação oferecida pela fonte deve sempre ser checada. É uma função primária do jornalista checar a veracidade de toda informação que recebe. O profissional não deve divulgar a informação que recebeu na íntegra, acreditando veemente na fonte.
Os cuidados com a fonte devem ser ainda maiores quando se trata de políticos ou pessoas diretamente ligadas a eles. Ricardo Noblat destaca (2002,p.61) “Ninguém no exercício do poder — seja ele de que tipo for — dá informação de graça a jornalista. Dá para agradá-lo — e para dele receber mais tarde algum agrado”.
Recomenda-se evitar qualquer tipo de amizade entre político e jornalista. Aproximações e alianças entre políticos, ou partidos, e jornais deve ser considerados abomináveis. É papel do jornalista duvidar de informações de fontes que tenham interesse pessoal no caso que apura.
Para Franklin Martins (2011, p. 54), o ideal é evitar se tornar amigo das fontes. Para ele são poucas as exceções. Segundo o jornalista, as fontes não podem ser mais importantes que a informação.
Vale lembrar que as fontes sempre defendem alguns interesses – sejam eles legítimos ou não. Para Franklin Martins (2011, p.63) “entender os interesses existentes por trás dos discursos é fundamental na cobertura política”.
Jornalista não deve ser refém da fonte
Podemos apurar, então, que o jornalista, ou o veículo de comunicação, deve ter moderação para divulgar informações baseadas em fontes políticas, em especial assessores parlamentares. Não cabe ao jornal a publicação de matérias baseadas nas informações brutas de uma dessas fontes. Jorge Pedro Sousa (2001, p.65) comenta que “As fontes tentam sempre divulgar o que lhes interessa e omitir o que não lhes interessa”.
João Simão (2007,p.23) enumera uma série de cuidados que o jornalista deve ter em relação às fontes. Dessas ponderações, para o desenvolvimento deste trabalho, é importante ressaltar que os jornalistas não devem se submeter às fontes.
O autor também ressalta que os jornalistas não devem utilizar os press-release como única fonte de informação, modificando-o em apenas alguns detalhes; ou mesmo publicá-lo na íntegra. Dessa forma, age como cooperador da fonte, nada mais que isso.